SEGUE O SOM #01

Entrevista com Antonia Medeiros | Pente Fino | PLUMA e mais...

SOS #01 | A primeira vez a gente nunca esquece.

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🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[single] Charli XCX ft. Billie Eilish - GUESS
Autoras de dois dos principais álbuns do ano, Charli XCX e Billie Eilish quebram a internet com o remix pra lá de sensual de “GUESS”. Graças a Charli eu tô gostando cada vez mais do hyperpop, gênero que, como o nome sugere, leva o gênero ao máximo. A Billie entrou muito bem e essa música tem tudo pra ser uma das mais quentes do ano.

[single] A$AP Rocky ft. Jessica Pratt - Highjack
“I just love alternative”. Foi isso que o A$AP disse em entrevista ao Zane Lowe para falar sobre o primeiro single do seu novo álbum, “Don't Be Dumb”. Não à toa ele traz uma artista pouco badalada, mas que encaixou bem na faixa que conta ainda com vocais do Jon Batiste e umas alfinetadas no Drake. Remete bastante ao início da carreira do A$SAP Rocky. Sonzera!

[álbum] Gabriela - Gabriela 
“Gabriela” marca início da carreira solo da ex-Melim com grande estilo. São treze faixas bem produzidas que passeiam pelo pop e mpb, contam com performance vocais competentes e ótimas composições. Bruno Berle assina algumas delas e é o único feat do disco em “Amor Inteiro”, a minha favorita.

[single] Ebony - 24hrs
As composições da Ebony não deixam dúvidas de quem as fez e em “24hrs” não é diferente. Com humor ácido, ela vem se provando como uma das MCs mais relevantes do país.

[álbum] Sincere - Khalid
"Eu não tinha um verdadeiro senso de identidade quando estreei aos 17 anos. Este álbum é exatamente isso. Eu o levei de volta ao básico e o abordei como se estivesse estreando como artista novamente", revelou o artista à Forbes.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Antonia Medeiros: operária da canção (e das redes sociais).

crédito: Aloysio Araripe

Antonia Medeiros é um dos nomes mais interessantes da nova geração de artistas. Em primeiro lugar porque sua voz é inconfundível e de uma beleza tremenda. Além disso, é uma compositora de mão cheia. Gosto muito como ela consegue abordar temas tão atuais de forma única - com escrita profundamente criativa e por vezes carregada de humor. Na entrevista, falamos da sua carreira, seu álbum mais recente, “Operária da Canção”, e da relação com a internet - onde ela é exemplo de artista/criadora de conteúdo.

Antonia, seu trabalho chegou para muitas pessoas graças a sua participação no The Voice Brasil, no final de 2022. Qual foi a importância desse momento na sua carreira?

O The Voice foi sim um divisor de águas da minha carreira, por algumas razões. Uma delas é que é o maior palco que eu já cantei. São milhões de pessoas assistindo. Apesar da gente saber que a internet tem cada vez mais força, a TV ainda tem um alcance bizarro. É muito surreal você pensar que você vai estar dentro da casa das pessoas de todos os cantos do Brasil fazendo a sua arte, né? Eu acho que pra mim o que realmente foi a melhor coisa é que eu consegui cantar a minha música autoral no programa, o “Salve Todas”, então muita gente me conhece não só pela menina do The Voice, mas pela menina que cantou a música das mulheres, sabe?

Se não por conta do programa, acredito que muita gente acaba te conhecendo por conta da sua incrível disciplina e rotina de postagem nas redes sociais (óbvio que é mérito do talento também). Como você vê a relação com essas plataformas? Consegue aproveitar ou vê como mais um trabalho?

Minha relação com as redes sociais tem sempre essa divisão porque, por um lado, eu sinto que eu sou uma pessoa comunicativa, que aprendo muito nas redes sociais, acho que é uma plataforma que ajuda demais, mas ao mesmo tempo, sinto um pouco como um relacionamento tóxico porque a gente precisa estar alimentando o algoritmo para que ele nos valorize também, então é difícil porque você não pode deixar a parada de lado, você precisa estar lá - e como você falou - eu sinto que a constância é um fator muito importante mesmo.

No TikTok atualmente eu tento postar todos os dias pelo menos um vídeo porque virou o meu trabalho. As redes sociais têm programas de monetização. O TikTok tem, o YouTube tem, então vira realmente uma ferramenta para nós artistas, de ganharmos dinheiro, além dos shows, das músicas, dos lançamentos, e é complexo. Eu tenho até uma música que fala sobre isso "essa vida de internet, tem o seu lado bom, mas é tanta expectativa por mais, um seguidor, um comentário, uma curtida, será que é isso mesmo que eu quero para a minha vida?”.

Eu sinto que a minha relação com a rede social é um pouco como uma droga, sabe? Quanto mais você consome, mais você quer consumir. Então, eu também sinto que para você ser um bom produtor de conteúdo, você precisa ser um bom consumidor de conteúdo. Eu vejo, por exemplo, muitos amigos meus que estão no Instagram e aí entram no TikTok e tentam reproduzir o mesmo conteúdo do Instagram no TikTok sem entender as peculiaridades daquela plataforma. Claro que as plataformas vão se assemelhando, mas elas têm diferenças. Então, eu sinto que você precisa consumir para saber a linguagem daquilo que está sendo falado, daquilo que está sendo produzido e daquilo que as pessoas estão gostando de ver, daquilo que está viralizando. Então, acaba que por isso eu consumo muito e eu sou uma viciada, assim, eu falo sem medo porque é verdade, eu tenho uma relação muito próxima com a rede social e é por isso que vira esse relacionamento meio tóxico.

Bom, devo dizer que você mandou muito bem em promover seus singles e álbum no TikTok e Instagram. Falando dele agora, o que me chamou a atenção de cara foi a produção e a grandeza do disco. Você chamou uma equipe muito talentosa e parece ter trabalhado muito nele, uma operária da canção de fato. Quais foram as principais referências? O que você ouviu para fazer o álbum?

São muitas, grande parte da música popular brasileira. Um dos grandes com certeza é o Djavan, sou muito obcecada por esse cara. Eu estava até comentando com o Gui como é muito bizarro pensar que o mesmo homem compôs “Maçã do Rosto”, “Flor de Lis”, "Beiral”, “Samurai” e, enfim, “Lilás”, músicas completamente diferentes, cada uma no seu estilo. Músicas às vezes ele têm letras hiper ultra mega poéticas que a galera nem entende direito, músicas que têm letras muito literais. Eu acho que o Djavan me inspira muito por causa da versatilidade dele, por causa do ritmo dele, da brasilidade que ele traz na música.

Também sou apaixonada pela obra do Gilberto Gil, pela obra do Caetano Veloso, pela obra da Joyce Moreno, são compositores que eu ouço muito. De cantoras, principalmente, né, as divas, assim, nas quais eu me inspiro, eu acho a Alcione uma das maiores cantoras do mundo. Marisa Monte, eu gosto muito, muito, muito do jeito que ela se posiciona. Da nova geração sou apaixonada por Juliana Linhares, não tem como não ser. Zélia Duncan, enfim, tava tentando deixar pra última pergunta, mas não tem muito como não mencionar essas mulheres.

"Operária da Canção" tem sete canções autorais e duas participações incríveis: Juliana Linhares e Zélia Duncan. Me conta o que te motivou a chamá-las e como cada uma se encaixa nas respectivas músicas.

Zélia Duncan era um grande sonho ter como feat no disco. Ela é uma mulher que eu amo do fio do cabelo até a ponta do dedo mindinho do pé. Eu amo as coisas que ela fala, as coisas que ela diz, que ela escreve, as poesias dela, adoro as músicas dela e principalmente amo a forma que ela canta, que ela interpreta. Eu acho incrível que ela é uma mulher de voz grave, que foge desses padrões. A voz aguda, ela é muito valorizada e a voz da Zélia tem tanta personalidade e eu queria muito ter ela cantando “Operária da Canção” porque é uma música que tem um objetivo, uma mensagem, “se quer me ver tocar, acho melhor tu me pagar”. Eu acho que a Zélia é uma artista que sempre fala sobre o respeito aos artistas, sobre a valorização da nossa profissão, então não tinha como ser mais perfeito. Ela ouviu, amou e topou, então, assim, foi sonho realizado total.

Sobre Juliana Linhares, ela com certeza, pra mim, é a maior cantora dessa geração. Uma mulher que também sempre tem as coisas certas a dizer. Ela canta de um jeito visceral. Me lembra muito Elis Regina, sem querer comparar, né? Mas eu acho que ela tem essa grandeza de interpretação, sabe? De presença de palco, enfim. Sou apaixonada pela voz dela, apaixonada também pelo repertório que ela canta. Ela é compositora também, né? No “Nordeste Ficção” tem várias músicas dela e eu queria muito que ela tivesse no “Será”, que é uma canção feminista também, uma música que fala sobre abuso. Eu queria que fosse uma mulher que cantasse isso do jeito que essa música precisa ser cantada, sabe? Gritada - do melhor jeito que essa mensagem pudesse ser cantada. Ela realmente foi perfeita na gravação. Quando eu ouço ela cantando eu choro, sou apaixonada por essa música na voz dela. Também outro sonho realizado.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Maria Cau Levy

A PLUMA foi uma das minhas mais gratas surpresas do ano. Resultado de um TCC do curso de produção fonográfica, o grupo lançou recentemente o álbum “Não Me Leve a Mal”, em que é possível notar as referências clássicas da música brasileira, mas os sintetizadores não escondem que o experimentalismo é parte fundamental do grupo. Afinal, estamos falando de uma banda composta por quatro produtores.

O neo soul, R&B e indie pop também marcam o disco de estreia da banda e a faixa homônima ao álbum, minha favorita. “Quando Eu Tô Perto”, por exemplo, fala da vulnerabilidade e nervosismo de se aproximar da pessoa amada e, assim como “Plano Z”, mostram como as composições do grupo são frescas e criativas, características que me agradaram muito. Adorei o disco e não pulo nenhuma.

🪩 A BOA!
Sugestão de rolé 10/10 para essa semana.

[RJ] Alan Bernardes é um dos artistas que eu mais venho escutando esse ano, especialmente depois do lançamento do álbum “Menino Brasil”, obra prima que fala de brasilidade, biodiversidade e folclore de um jeito que eu jamais imaginei que fosse gostar tanto.

A escrita desse cara é muito diferenciada, as melodias são lindas e o disco é puro suco de Brasil. Ah, e a participação do Luiz Antonio Simas abrilhanta o trabalho tremendamente.

Enfim, finalmente ele vai fazer o show de lançamento do “Menino Brasil” no final de semana, dias 9 e 10 de agosto, no Teatro Cesgranrio, com banda completa. Eu certamente estarei por lá 😉 

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Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista musical, apresentador, criador de conteúdo, assessor de imprensa e idealizador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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