SEGUE O SOM #02

Entrevista com Duda Beat | Pente Fino | Amaro Freitas e mais...

SOS #02 | O que está achando?

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🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] Rashid - Portal
À essa altura ninguém questiona mais a habilidade que o Rashid tem de rimar. Sabendo disso, o rapper paulista procurou focar em composições mais profundas como “Cairo”, música para seu filho que conta com clipe pra lá de emocionante. Adorei a proposta do álbum. “Depois do Depois”, feat com Lenine, fala sobre amizades que se perdem com o tempo e uma das minhas favoritas.

[single] Ale Sater - Ontem
Vocalista e baixista da banda alternativa Terno Rei, Ale Sater explora o existencialismo e diz que o single é “um bom resumo do que vai ser o [novo] disco como um todo. É também a música mais cheia, no sentido de produção, e por essas coisas achei ela uma boa opção pra começar.”

[álbum] Ravyn Levae - Bird’s Eye
Confesso que conheci o trabalho da Ravyn pesquisando para o Pente Fino e fui surpreendido com esse R&B delicinha da cantora e compositora de Chicago. Gostei bastante do single “One Wish” com o Childish Gambino e “Dream Girl” com Ty Dolla $ign.

[álbum] Asake - Lungu Boy
O Asake é uma das principais estrelas da música nigeriana, fenômeno que tem conquistado o mundo e influenciado os grandes artistas pop. Em seu novo álbum o cantor faz feat com ninguém menos que Travis Scott e Ludmilla e monta um projeto diferente do que estamos acostumados a ouvir. Vale conferir.

[single] Dora Morelenbaum - Caco
“‘Caco’, de alguma forma, apresenta a paisagem sonora que visualizo em todo o álbum. Ainda nos moldes da canção, ela fala de beleza e ruído, de um amor que contém em si o positivo e o negativo. É uma letra de amor não tão usual, uma perspectiva tanto frustrada como otimista”, resume a cantora.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Duda Beat: ousadia, experimentalismo e silêncio.

Duda Beat em São Paulo no show de estreia da turnê ‘Tara e Tal’
crédito: Thiago Vidal

A Duda Beat é uma das artistas da nova geração que eu mais admiro. Ela conquistou o Brasil graças às suas composições originais, cheias de sentimentalismo, e produções refinadas assinadas pela dupla Lux e Tróia. Na entrevista que fizemos, pergunto sobre seu álbum mais recente, o “Tara e Tal”, o desdobramento do novo show, inspirações e mais. Confira abaixo.

Duda, "Tara e Tal" é o seu terceiro álbum de estúdio e, na minha opinião, o mais ousado. Você não se ateve a fórmulas e procurou se reinventar mais uma vez. Aliás, eu diria que boa parte do seu sucesso se deve à sua originalidade. Como você tem avaliado a repercussão desse novo trabalho?

Eu tenho avaliado de forma bem positiva. Eu acho que o disco tá correndo super bem. As pessoas estão curtindo, estão amando. Óbvio que a gente sempre quer mais, né? Mas eu tô bem contente, assim, com o resultado que ele tá tendo. Realmente, é um álbum que eu quis ousar, quis trazer esse meu lado do eletrônico, que é uma coisa que eu gosto muito. Eu tô bem feliz com o resultado.


Esse experimentalismo ficou evidente no seu novo show. Eu achava que tinha entendido o álbum até ver sua apresentação ao vivo (no Circo Voador). Senti que era uma espécie de laboratório musical tamanha a liberdade que o Lux e Tróia (seus produtores) tinham ali - e da banda num geral - com você tomando as rédeas. Luzes, ballet, solos… eram muitos elementos. O que esse novo show representa para você? Como foi o processo para montá-lo?

Representa mais uma camada de Duda Beat para o mundo. Eu acredito muito - sempre falo isso nas minhas entrevistas - que a gente gosta de vários sonhos, várias coisas ao mesmo tempo. Acho que nesse trabalho eu acabei mostrando mais uma camada do que eu curto, do que eu quero, enfim, pra mim. E é isso, olhar pra trás, né? Sentir que quando eu estiver bem velinha, eu vou ver as várias camadas que eu mostrei ao mundo. Acho que esse é o meu maior objetivo.

Eu adoro esse momento de montar o show, de juntar a equipe. Falar “gente, queria uma coisa assim, queria uma coisa assado” e a galera me ouvir. Isso é muito legal. Você fala sobre essa liberdade na sua pergunta, a liberdade de todos nós juntos, que eu dou também pras pessoas que estão no palco comigo. Isso é super proposital. Eu acho que no meu palco todo mundo brilha, todo mundo tem que brilhar. E acaba ficando um show onde a gente se diverte muito. E isso é muito visto pelo público que tá assistindo.


"Por Aí Mozão" é uma das minhas músicas recentes favoritas. Me conta sobre a inspiração para compor essa canção e o processo de gravação por favor.

Essa canção é uma canção que tem muito trabalho de voz, assim. A gente se inspirou muito na Billie Eilish, mas também na Lana Del Rey, no último trabalho dela. Então era uma música que eu queria fazer. Foi passado de mim para os meninos que seria uma música longa. A gente vive num tempo onde o tempo das canções estão tão reduzidos e eu queria fazer uma canção maior, uma canção que mergulhasse, que mudasse de repente, que entrasse em outra coisa.

Eu sou uma pessoa que me entedio muito fácil. Então ter uma canção para mim, onde eu exploro mais de um gênero, onde do nada eu causo uma surpresa na pessoa que tá ouvindo, pra mim é o que me dá maior tesão de fazer música. E essa música ela é dessa forma. É uma música que começa de uma forma, termina de outra. Tudo muda e aí realmente tudo muda no arranjo. Então isso tudo é muito pensado para a pessoa que tá ouvindo sentir de todas as formas no coração todas as camadas que essa canção tem.


Seu trabalho é muito calcado na composição. Independentemente do gênero escolhido para a música, parece que ela sempre está à serviço da palavra. Como é o processo de encaixar suas letras com as melodias e sons que você quer trabalhar?

Realmente adorei essa sua pergunta. Eu costumo dizer que a canção é o sol do meu trabalho. Tudo nasce na letra e na melodia, depois vem o arranjo que veste essa canção, vem a forma que eu vou dançar, a forma como eu vou me vestir, a forma como eu vou me maquiar, a forma como esse show vai ser apresentado. Então, tudo isso serve a canção, assim. E, de fato, a canção, ela é o fio condutor todo o meu trabalho. Minha canção transborda vulnerabilidade e também é emancipação, empoderamento, amor e esses sentimentos todos de reciprocidade também, tudo isso.

Então, de fato, a canção, ela vem. E aí, quando ela vem, normalmente, pra mim, já vem letra e melodia tudo junto, então, eu já consigo entender, mais ou menos, pra onde que vai a dança dessa canção. Acho que se eu pudesse falar aí uma terceira etapa depois do arranjo seria a dança da canção. Ela nasce assim, através do silêncio, através da reflexão sobre os temas que eu quero trabalhar, mas também na mensagem que eu quero passar. Eu acho que é por isso que é tão poderoso a canção nesse sentido.


Para além da música, em quais lugares você busca inspiração para compor e cantar?

Normalmente no silêncio. O silêncio é onde eu tenho mais inspiração, onde eu volto para mim, onde eu escuto meu coração, minha cabeça, meus pensamentos. Então, por isso que sempre a gente (eu, o Lux e a Tróia) sempre tenta fazer imersões em lugares mais silenciosos, em lugares com contato com a natureza. Isso tudo me inspira.

Eu busco inspiração na minha própria vida, mas também na vida dos meus, né? Na vida das pessoas ao meu redor e como o mundo tem funcionado, na observação. Eu observo muito o mundo antes de colocar uma letra no mundo.


Qual foi a última música que te fez chorar?

Cara, eu acho que a palavra não é chorar, mas que me comove. As músicas dos anos 80 me comovem muito, né? “Come Undone”, do Duran Duran... eu sempre fico muito comovida. Chris Isaak, né? Toda essa galera dos anos 80 me comove muito, me faz refletir. Refletir meu tempo, refletir as texturas sonoras. Então, eu não tenho uma música específica, mas “Careless Whisper” é uma música que me comove muito. Então, toda essa galera aí dos anos 80, de fato, me comove e me fazem chorar.

🖇️ CLIPPING
Leituras que valem o clique.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Micael Hocherman

Um dos maiores expoentes da música brasileira em 2024 é sem dúvidas Amaro Freitas. Ainda esse ano ele lançou “YY”, álbum que prestou homenagem à Floresta Amazônica e aos rios que atravessam o norte do Brasil e inclusive rendeu destaque do New York Times e no Jornal Globo.

Bom, não é à toa que ele está lotando as salas de concerto mais conceituadas pelo mundo. Amaro subverte o uso tradicional do piano e esbanja personalidade em suas músicas. “YY” é uma viagem sonora que vale a audição.

Para além do álbum, um dos lançamentos recentes mais interessante é resultado do encontro dele com o Criolo e Dino D'Santiago, cantor e compositor português de ascendência cabo-verdiana. Gravada entre Recife, São Paulo e Lisboa, “Esperança” é uma faixa bem politizada e considerada um manifesto por igualdade e transformação social.

🪩 A BOA!
Sempre uma sugestão 10/10 para você.

[RJ] Esse mês tá rolando o Cinefesta na Fundição Progresso, uma Mostra de filmes nacionais ao ar livre, no terraço da casa de shows, com bate-papo com integrantes dos filmes após a projeção, pista com DJ Egil.

Minha recomendação é a exibição no dia 20 de “Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho”, um dos filmes que mais me emocionaram nos últimos tempos. Eu sou louco pela Beth e fiquei surpreso de saber que ela documentou a própria vida por anos. No filme, acompanhamos a história viva do samba e da música brasileira acontecendo pela perspectiva de uma das artistas mais importantes da nossa cultura.

Compre seu ingresso aqui.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista musical, apresentador, criador de conteúdo, assessor de imprensa e idealizador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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