SEGUE O SOM #04

Entrevista com FBC | Pente Fino | Dias e mais...

SOS #04 | Só fé.

Quem me acompanha no Instagram viu que a última semana foi muito doida. Liniker vindo me seguir e agradecendo os comentários que fiz do álbum + entrevista presencial com FBC que quero postar o quanto antes pra vocês, mas por enquanto fiquem com um gostinho dela. Pra cima!

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] Cristal - EPIFANIA
Inspirada por grandes nomes da Soul Music brasileira, como Tim Maia, Cassiano, Sandra de Sá, Paula Lima e Toni Tornado, a Cristal incorpora negritude, orgulho, excelência, amor e comunidade no lançamento de seu primeiro álbum. Muito legal ver um projeto dedicado à soul music e suas possibilidades. Excelente álbum!!!

[single] MC Hariel ft. Gilberto Gil - A Dança
Desde que vi que esse encontro aconteceria fiquei muito ansioso. Hariel é o nome mais interessante do funk no Brasil e veio com a proposta no seu novo álbum de tratar o gênero com o mais alto rigor, por isso convocou uma orquestra para acompanhá-lo no ao vivo e ninguém menos que Gilberto Gil. Eu gostei do resultado. Impossível não ficar feliz pelo Haridade.

[álbum] Carol Biazin - No Escuro
"A intenção é aliviar a solidão que causam os sentimentos difíceis. No escuro, sem a influência das expectativas externas ou das representações visuais, quem somos nós verdadeiramente? É nesse momento que a gente busca respostas", explica Carol.

[single] Marcelo Tofani ft. Marina Sena - solto (histórias de amor)
Alguém saudoso do Rosa Neon aqui? O reencontro dos ex-membros da banda alternativa em “solto (histórias de amor)” faz lembrar dos tempos em que ambos dividiam o protagonismo do grupo. O refrão é gostoso e as vozes combinam muito bem.

[EP] Dias - Dia à Dias
Trabalho de lançamento do meu jornartista favorito, “Dia à Dias” conta com composições feitas na pandemia, mas que ainda são frescas e chamam muito à atenção pela originalidade. Bem inspirado no samba, todas são muito bem produzidas e conseguem mostrar a identidade do cantor.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
FBC: meio Jorge Ben, meio Tom Hanks.

crédito: Bel Gandolfo

Lembro quando ouvi “O Amor, o Perdão e a Tecnologia irão nos levar para outro planeta” pela primeira vez e pensei: “O FBC fez de novo. Não é possível.” - me referindo a façanha de entregar mais um álbum conceitual completamente diferente do que vinha se fazendo e do que se esperava dele. Certamente esse álbum marcou meu 2023 e vou levá-lo pra vida como um dos meus favoritos. Foi um prazer trocar uma ideia com o FBC e você confere o papo abaixo. Aproveite 😉 

Padrim, "O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta" acabou de completar um ano de lançamento. Agora com um distanciamento de tempo maior, como avalia o trabalho que você fez? E a recepção do público?

É, Pietro, então, um ano se passou desde que eu lancei o álbum, mas se for somar, desde quando eu comecei foram três anos de “O Amor e o Perdão” e o que eu entendi é que eu consegui furar a bolha e penetrar no lugar onde a galera que faz música, a galera que é entusiasta, mas principalmente a galera que estuda e trabalha com música, chamar atenção pro meu trabalho.

Eu consegui estar em grandes palcos, lugares que quando eu tocava só com DJ eu não conseguia adentrar, sabe? E eu acho que o grande legado que ficou pra mim do “Amor e o Perdão” é conseguir figurar entre os grandes músicos brasileiro. Eu fiz show que tinham o meu nome do lado de nomes né como Alceu Valença, Nando Reis, Jorge Aragão, Liniker, então isso pra mim foi o grande legado que ficou do álbum.

Você comentou diversas vezes que Jorge Ben foi sua grande inspiração para montar esse álbum. Foi somente na temática ou na forma também? O que mais aprendeu com ele?

Então, é tudo black music, né? Só que o Jorge, ele contribuiu mais para minha inspiração quanto ao tema, né? Quanto ao que eu queria dizer sobre a humanidade. Esse álbum foi o primeiro álbum onde eu não trago muitos temas, muitas pautas, né? Sobre problemas sociais. É uma coisa mais retrospectiva vindo de mim mesmo, a minha reflexão sobre a terra, sobre o espaço, sobre a humanidade.

E eu acredito também que a grande influência também do Jorge Ben no trampo é a forma como eu canto, a forma como eu uso os timbres, né? Que se assemelha muito a forma como o Jorge Ben também constrói, que é ali nos tons menores. Eu acho que isso sim teve muita influência de Jorge.

Qual música do Jorge Ben você gostaria de ter feito? E por que?

Eu gostaria de ter feito "Charles Jr” porque - eu acho que eu não sei se as pessoas vão conseguir entender o que eu tô falando - mas pra mim aquilo é um rap. Pra mim aquilo é uma música cadenciada para a batida do rap, é uma parada muito louca. O coral ali, aquele entrosamento, aquela sinergia, a sintonia que ele tinha com a galera do Trio Mocotó. Se eu pudesse ter feito uma música do Jorge Ben seria “Charles Jr” com certeza.

O show do álbum é um espetáculo à parte. Como foi o processo de montá-lo? Você queria que soasse mais como o próprio disco ou despertasse novos sentimentos?

Então, o álbum “O Amor e o Perdão” eu fiz com o produtor Ludovico, com o produtor Pedro Sena e acredito que eu possa falar que é bem minimal, né, nessa questão de ter muita coisa ali: tem poucos instrumentos, cinco ou seis canais que foram usados fora o da voz e para o ao vivo eu chamei essa galera aí, do Jazz de BH que é foda.

Eu falei: "mano, vocês ficam à vontade aí, pira aí, vamos construir uma parada junto, entendeu? Vamos despertar coisas no sentimento das pessoas, né, vamos levar a galera pra outro planeta de verdade, porque o show é pra isso, o show é pra galera sentir.”

E tem que rolar uma imersão, né? A galera tem que estar ali, vidrada na parada, e a galera fez isso com muita competência. Eu agradeço a Deus, aos Orixás e ao universo por ter colocado os músicos tão talentosos assim na minha vida.

Eu confesso que quando se trata do seu trabalho, o que eu espero dele é que você não venha com o que espera-se de você. Dito isso, me diga o que você tem mais ouvido recentemente por favor - álbuns, cantores... Talvez assim a gente consiga imaginar o que está por vir.

Pietro, tem uma frase do Emicida que sempre me acompanha em todos os momentos: “quando a gente não sabe mais para onde ir, você tem que voltar ao começo”. E com tudo que aconteceu, com “Baile”, “Amor e Perdão”, eu fiquei perdido porque eu me sentia igual aquele filme, “O Náufrago”, que o personagem do Tom Hanks passa o filme todo dentro de uma ilha, perdido, numa ilha ali, sem ter nenhum lugar para ir, e no final do filme ele está ali, numa encruzilhada, não sabe para onde ir.

Ele tem a oportunidade, ele tem a chance, ele tem a liberdade de ir para todos os lugares, para ir para os quatro cantos do mundo, mas ele não sabe para onde ele vai. E eu acho que eu estou com esse sentimento e eu estou voltando ao começo, estou ouvindo rap. Quero lançar um álbum pra B-Boy, um álbum pra galera do Hip Hop dançar, tá ligado? Eu acredito que essa é a minha origem, duelo de MCs, é isso que eu amo, é isso que eu gosto de fazer, então me esperem isso.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Pedro Barcellos

Antes de jornalista, pesquisador musical, compositor e cantor, Dias é meu amigo. Nos conhecemos na faculdade e, curiosamente, graças a ele virei assessor de imprensa. Sei que tudo isso parece descredibilizar minha indicação, mas basta uma audição do seu novo EP de estreia, “Dia à Dias”, para entender minha admiração por esse trabalho que tive a sorte de acompanhar desde a idealização, gravação luxuosa e lançamento.

Digo "luxuosa” porque ele convocou músicos de primeiríssima linha para trabalharem em harmonias incríveis que junto às suas composições inconfundíveis resultaram em um trabalho que mostra a sua identidade. “A Cada Passo da Cidade”, por exemplo, reflete perfeitamente o encontro de versos lindos e melodias refinadas, assim como “Cabeça”, que também gosto muito.

🪩 A BOA!
Sempre uma sugestão 10/10 para você.

[SP] A festa “Manto da Noite” é nova aposta da Luedji Luna. Tendo a música negra como protagonista, o evento contará com Rapsody, YOÙN convida Ajuliacosta, Zudizilla convida Lino Krizz e Stefanie, além do DJ set da Festa Punga como as principais atrações que sobem ao palco da Audio, em São Paulo, no dia 30 de agosto.

“O objetivo de trazer nomes tão ricos da música negra é dar espaço aos artistas do midstream e apostas nacionais, além de sempre tentar um nome internacional. Manto da Noite surgiu da minha vontade de expandir e promover cada vez mais a diversidade no circuito de shows e festivais que acontecem em nosso país, principalmente quando se trata dos gêneros musicais presentes no evento”, afirma Luedji.

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Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista musical, apresentador, criador de conteúdo, assessor de imprensa e idealizador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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