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SEGUE O SOM #05
Entrevista com Iuri Rio Branco | Pente Fino | Cristal e mais...

SOS #05 | É penta!
Caminho para a quinta edição da newsletter e não poderia estar mais feliz. Confesso que faz tempo que eu queria sentir que estava criando uma comunidade e agora finalmente consigo ver como isso é importante. Feliz também com os feedbacks de vocês, seja por email ou dm. Sempre que quiserem é só chamar. Tamo junto!
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[álbum] Funk Superação - MC Hariel
Orquestra, feats de luxo e muita inspiração - a receita pro “Funk Superação” do MC Hariel, que pra mim é, sem dúvidas, o nome mais relevante do funk atualmente porque consegue misturar a leveza do gênero com os papos retos que marcaram sua carreira. Entre as participações estão Gilberto Gil, Iza, Ice Blue e Péricles.
[single] A$AP Rocky - Tailor Swif
O clipe dessa música é uma das maiores viagens que já vi. Gravado na Ucrânia, mistura tudo de mais bizarro em uma espécie de sonho enquanto o A$AP rima. Aliás, o rapper fez bastante sucesso com o último lançamento, “Highjack”, vem com mais um bom single e tudo indica que o novo álbum, “Don’t Be Dumb”, vem forte.
[álbum] Kehlani - While We Wait
Descobri que a Kehlani lançou um novo álbum por conta do single “When He's Not There”, feat com Lucky Daye que eu me amarrei - aquele R&B perfeitinho, sabe? O álbum tem essa pegada e ainda conta com participação da Ludmilla no remix de “After Hours”. A duas cantaram juntas no Lollapalooza de 2022.
[single] Tokio DK ft. Major RD - SKYLINE
Tokio DK e Major RD são dois dos nomes mais quentes da cena do drill e juntos atenderam às expectativas. Em “Skyline” não faltam bons flows, referências e rimas inteligentes. Gostei bastante da parceria e do clipe também.
[single] Helena Peres - Presa
Depois do primeiro lançamento como cantora, agora a Helena estreia como compositora em "Presa", que narra um caminho de libertação até o retorno a um lugar mais pessoal e autêntico. O som combina uma levada R&B com rock vibrante e referências da MPB.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Iuri Rio Branco: produtor e protagonista.

crédito: divulgação
Indicado duas vezes ao Grammy, Iuri Rio Branco é um dos produtores mais criativos e requisitados da música brasileira atual. Ganhou notoriedade com seu trabalho com a Marina Sena em “De Primeira”, mas já está no corre faz tempo. É ele que assina a produção de “Eletrocardiograma”, clássico absoluto da Flora Matos. Recentemente trabalhou com nomes de peso como Duquesa, Ryu The Runner, Fleezus, Carol Biazin. Confira nosso papo.
Iuri, queria começar te perguntando como é o processo de produzir para artistas diversos e ao mesmo tempo conseguir imprimir a sua identidade em cada um dos trabalhos.
Bom, pra explicar melhor isso, acho que me cabe falar de onde vem minha bagagem. Eu vim da bateria, onde comecei com 8 anos e adolescente já tinha intuito de me profissionalizar, então passei por mil bandas, a princípio de rock e depois como queria ser músico e viver disso, passei a me ligar em todo tipo de som. Então quando comecei a produzir já tinha estado em um monte de estúdio e aprendido sobre vários tipos de som e suas nuances, sempre que possível imprimindo minhas características.
Depois fiz muita trilha pra filme e publicidade, isso me deixou ligado em prazo e aprimorou mais ainda o lance da versatilidade, coisa que ajuda muito hoje em dia. Na real eu sou viciado nisso de fazer música, de verdade (um vício bom) e interessado em como se constrói cada elemento dentro de uma produção. Me divirto muito com isso.
Antes de falar das suas produções mais recentes queria que você contasse um pouco sobre "Eletrocardiograma". Você produziu um dos melhores álbuns da história do rap nacional na minha opinião (e de muita gente também). Como foi trabalhar com a Flora Matos naquele momento? Me conta um pouco dos bastidores por favor.
Sobre o “Eletrocardiograma”, eu fiz um trabalho que não exatamente de focar só na música, até porque a Flora é muito ligada nisso. Nesse trabalho que foi de 2017 eu tava muito ligado em entregar um disco que tivesse exatamente o que ela queria. Então fiz todo o lance de produção executiva com a equipe de estúdio e meio que coordenei pra que a gente não perdesse o foco do disco.
Foram 8 meses e umas 30 músicas que a gente levantou pra chegar naquele resultado. Experimentando tudo que a Flora queria e etc. Foi uma experiência foda. Me deu muita bagagem de estúdio e de gerenciamento de equipe porque eu era o diretor de produção do projeto. Hoje em dia me orgulho muito de ter participado ativamente disso.
Seu nome apareceu para o grande público com o "De Primeira" da Marina Sena, álbum que sacudiu todo mundo e de fato bateu já na primeira audição - muito por conta das excelentes produções que co-protagonizam o trabalho. Olhando para trás, o que mais te chama atenção nesse disco?
Bom, acho que o “De Primeira” teve uma série de fatores pra ser o que foi e o que é. A primeira com certeza foram as músicas que estavam muito bem estruturadas e compostas quando me chegaram. Era algo de uma vida inteira ali guardado pra ser apresentado ao público nesse disco. Ou seja, muito frescor da alma mesmo, isso ai é o principal pra qualquer disco. Inclusive meu trabalho só tem 100% de êxito quando as músicas aparecem antes de qualquer outra coisa.
O jeito que o álbum foi produzido, à distância, mas com muita sinceridade e foco no que tava sendo feito ali, gerava uma emoção de fã na gente quando ouvia as próprias músicas. Isso foi essencial pra meio que unanimamente o disco ser tão bem aceito. Tava tudo ali, quem ouvia sentia toda a felicidade de quem tinha feito a parada, e isso ganha qualquer ouvinte.
E o que mudou na dinâmica de trabalho e propostas para produção no "Vício Inerente"?
Mudou muita coisa porque o “De Primeira” deu muito certo comercialmente e nele tínhamos tempo de sobra porque era pandemia. Tínhamos a tranquilidade e bastante repertório já feito pela Marina no voz e violão. Acho que isso foi a principal mudança.
No “Vício Inerente” era trocar a roda com o carro andando, e com o carro andando pra frente muito rápido rs. O álbum tem a cara do que tava rolando de som na nossa vida e também gerou na gente a emoção do fã que escuta como se fosse um som que tá na própria playlist. A proposta sempre foi essa ao meu ver.
Das suas últimas produções, uma que se destaca pra mim é "Pose", faixa do "Taurus Vol. 2" da Duquesa com feat da Uriass. A ideia de levar pro eletrônico foi sua? Você curte tirar os artistas que você trabalha da zona de conforto?
Nessa faixa aconteceu que a Duq me falou que queria um house pro disco dela, e era algo que eu já tava pensando que seria legal fazer com ela também. Pesquisamos algumas coisas e fomos fazer uma sessão. Na hora de começar, tentei algumas coisas mas não era aquilo. Ai pensei “vou fazer uma mistura de varias coisas que eu curto”. E deu nisso ai.
Eu tento sempre tirar da zona de conforto, mas de um jeito sutil porque na verdade meu trabalho é encontrar a melhor zona de atuação pro artista dentro da faixa. Tirar o máximo que o artista tem pra dar naquela determinada proposta. A gente propõe algo diferente e dentro disso acha o elo entre a música e o artista
🖇️ CLIPPING
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📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: divulgacão
Certamente um dos lançamentos mais legais do ano é “EPIFANIA”, da Cristal, um álbum completamente dedicado à soul music, gênero que muitas vezes as pessoas usam de referência, mas não se debruçam. Falando nisso, certamente a artista deixou grandes expoentes do gêneros como Tim Maia, Cassiano, Sandra Sá bastante orgulhosos.
Gostei disso aqui que o Mauro Ferreira pontuou na sua crítica no G1: “Epifania é álbum situado na pista desses bailes com dose alta de orgulho, mas sem excessiva nostalgia”. Isso faz muito sentido porque a Cristal foi muito feliz em deixar a soul e dance music com cara de 2024 tanto nas composições quanto produções excelentes do MDN Beatz também.
As minhas favoritas são “Vida Antiga”, logo na abertura, e “Redial”, uma das músicas mais que mais gostei desse ano.
🪩 A BOA!
Sempre uma sugestão 10/10 para você.

crédito: Bel Gandolfo
[RJ] Poucas combinações são melhores que Luccas Carlos e Circo Voador. Já tive o prazer de assisti-lo algumas vezes, mas certamente o lançamento de “jovemCARLOS” em 2022 ficou marcado na memória. Luccas tem muita presença de palco e um gogó muito diferenciado. Só não vou colar nesse show porque estarei em SP no Coala, mas fica minha sugestão, mas você que pode, não perca a apresentação do cantor dia 7, sábado.
Compre seu ingresso aqui.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista musical, apresentador, criador de conteúdo, assessor de imprensa e idealizador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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