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SEGUE O SOM #06
Entrevista com Tássia Reis | Pente Fino | OGermano e mais...

SOS #06 | Ainda preso no final de semana
Os últimos dias foram muito especiais. Colei nos três dias do Coala Festival, no sábado fiz uma cobertura do evento para o Cartão Elo (aproveita e dá uma engajada ali por favor!) e entrevistei alguns artistas incríveis como a Liniker, Xande de Pilares, Bebé e Tássia Reis - com quem vocês conferem nossa entrevista exclusiva justamente no dia do lançamento do álbum novo dela, “Topo da Minha Cabeça”. Olha essa moral!
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[single] Jungle - Let's Go Back
A banda mais cool do planeta está de volta com novo single. É impressionante como bastam cinco segundos pra saber de quem é a música. Mesma coisa com os clipes. “Let's Go Back” abre a nova era da banda, marcada pela entrada oficial de Lydia Kitto, cantora que já havia trabalhado com a banda em 2021 e também coescreveu todas as faixas de “Volcano”, álbum-sucesso de 2023.
[single] Rachel Reis - Ensolarada
“Essa música representa romper com auto-questionamentos e exigir o extraordinário. Me liberta de expectativas previsíveis e passivas, me elevando um estado de plenitude onde o meu compromisso é com o que me guia internamente”, comentou a cantora. A voz dela tá linda e a faixa é super suingada.
[single] Delacruz ft. IZA - Afrodite
Duas vozes que gosto muito juntas. Delacruz já provou que cabe em muito mais espaços que o ra, sobretudo por conta dos refrões cativantes e no novo single não foi diferente. A Iza chega muito bem, contribuindo pra sensualidade da faixa e os dois entregaram certamente um dos melhores R&Bs do ano.
[álbum] Tássia Reis - Topo da Minha Cabeça
Sou suspeito pra falar da Tássia porque acompanho sua carreira desde o início e adoro sua discografia. O álbum novo registra um ensaio de movimentos introspectivos e reconexão com sua ancestralidade. Passeia por diferentes ritmos, é muito bem produzido e você confere nossa entrevista abaixo!
[álbum] Fred again… - ten days
Fred again… é um dos produtores mais talentosos e impactantes do mundo. A ideia do álbum é ter dez músicas sobre dez dias e soa mais solar e animado que os trabalhos anteriores.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Tássia Reis: conheça 'Topo da Minha Cabeça’, novo álbum lançado hoje

crédito: Jon Leao
Extremamente versátil e dona de uma das vozes mais bonitas do país, a Tássia Reis lança hoje “Topo da Minha Cabeça” e concedeu a mim uma entrevista exclusiva sobre o álbum. Feito com calma, o trabalho procura ser um resgate das raízes da cantora e um olhar para o futuro. Confira!
Tássia, quando fizemos uma entrevista em 2020, auge da pandemia, eu comento como sentia que suas composições lembravam o Martinho da Vila e agora, anos depois, você tá apresentando um trabalho que tem o samba como uma das principais referências. Me conta sobre sua relação com o gênero e como influenciou seu novo álbum por favor.
Quando você me falou que percebeu a presença da referência dele no meu som eu fiquei super honrada e fez muito sentido, né? Eu já tinha escrito alguns sambas também, mas eu demorei pra compreender o tamanho da influência do samba na minha vida, talvez porque eu vi o samba num outro lugar. A minha vivência de escola de samba, na minha adolescência, foram alguns anos em bateria, com comissão de frente. Era muito uma coisa de escola mesmo, de comunidade, de vivência, era a gente se ajudar.
Então eu não pensava muito em música naquela época. Eu queria ser dançarina e talvez o meu foco não estivesse pensando nisso. E aquela coisa que santo de casa também não faz milagre, né, então acho que a gente demora pra perceber o que tá na nossa caraas a presença sempre teve, a influência sempre teve.
O álbum passeia por diversos gêneros, Soul, Samba, Rap, Drill, Funk, R&B, Jazz, mas você conseguiu segurar a onda e manter uma unidade. Como foi explorar diferentes sons, mas preservar uma coesão?
Olha, acho que eu venho aperfeiçoando essa minha linha invisível de costurar as coisas, porque apesar de ter várias sonoridades, elas se conversam, as músicas se conversam, os assuntos se conversam, as sonoridades, por mais imprevisíveis que sejam, também dialogam. Acho que isso é uma das coisas que eu mais gosto de fazer, até porque o meu som é feito desse crossover também, de misturas sonoras, então não tem nada, pouquíssima coisa, que é pura, vamos dizer assim, que não tá misturado.
E eu acho que isso é uma identidade, foi assim que eu me construí, foi assim que eu cheguei na escola de samba e meu amigo da escola de samba me levou pra fazer aula de dança, que aí eu conheci a cultura hip-hop, que aí eu conheci o rap, que aí eu conheci o R&B, e aí conheci o rap nacional, sabe? E tudo isso foi se misturando dentro das vivências que eu tinha, me aprofundei, sempre. Eu também gostei de ouvir os discos e os CDs que os meus pais tinham, tanto de samba quanto de MPB, então era uma coisa muito presente na minha vida também.
Então, acho que essas misturas elas são reais, não tem forçação de barra, sabe? O que eu tô fazendo realmente faz parte da minha escuta, faz parte das minhas referências mesmo. Então, acho que esse filme invisível, ele tá ficando visível na verdade, porque, como você falou, existe essa coesão, apesar das músicas serem tão diferentes umas das outras. Eu fico feliz por isso, porque, na verdade, o filme sou eu, né? É a minha trajetória e é a minha assinatura também.
Como já diria Emicida, “É Necessário Voltar Ao Começo”, e senti isso muito no seu disco. Parece clichê, mas parece que você precisou olhar pra trás pra imaginar o futuro. Concorda?
Eu concordo. Concordo porque na verdade acho que quando eu fiz meu primeiro EP, eu fiz da forma mais pura possível, até um pouco inocente, ingênua, em algumas construções, mas muito pura, então a essência tava toda ali. Não, não acredito que eu tenha perdido, muito pelo contrário, acho que eu venho afinando isso e conseguir ouvir o meu quinto disco e saber que ele tem conexão com o primeiro, pra mim é uma honra, sabe? Pra mim acho que tem a ver com esse legado que eu quero, que eu venho construindo e que eu quero continuar construindo na minha carreira.
E existe essa frase que ela é muito bonita e muito importante, que é o futuro ancestral, o D2 falou bastante disso, e também tem o Samba que fala que o ancestral é lanterna, é isso, ilumina o caminho de todo mundo nessa nossa jornada. Então, para quem também é de Axé, acho que tem essa construção também, de entender de onde a gente veio, para poder construir para onde a gente vai. Então, acho que essa construção desse legado, para isso acontecer, precisa ser coeso, né? Precisa fazer sentido.
E notei que você foi creditada como produtora na maioria das faixas. Não sabia que você também produzia! Como foi pra você assumir essa função?
Eu não sou uma pessoa que mexe na máquina, propriamente dita, não, no computador, eu digo. Mas assim, eu direciono muito. Meu diretor musical e produtor de metade das faixas, o Pizzu, ele fala que eu sou diretora de diretores, e eu acho isso muito legal. E assim, quando a música nasce, eu tenho uma ideia do que ela pode ser. Obviamente, trabalhando com outros artistas, com outros produtores, a gente também tem que deixar que a música seja o que ela quer ser. E eu acho que nesse disco, em todos os discos, mas nesse principalmente, eu consegui absorver e entender isso de uma forma muito bonita. Então, o Caetano canta, inclusive o Xande de Pilares, que você gravou, “canta somente o que pede para se cantar”.
Então, a música nasce porque ela precisa, porque ela quer nascer. E a gente é um canal, a gente tem que ajudar ela. E não atrapalhar para que ela venha para o mundo, sabe? Então, eu acho que essa, pra mim, ser creditada como produtora tem mais a ver com a construção das ideias do que com... mexer numa máquina, né? Isso aí eu já realmente não faço. Mas, inclusive, na faixa “Previsível” eu a compus ela no baixo e quando eu fui levar pro Kiko ele não deixou a gente tocar outro baixo. Ele falou “vamos usar o seu baixo”. E aí me fez gravar o baixo. E eu fiquei muito feliz. Eu falei “gente, gravei o baixo, sou oficialmente baixista agora”. Muito que aprender, mas é isso, né? Criando com que a gente venha aprendendo, isso é muito legal. E cada vez mais eu quero aprender e poder produzir e botar a mão na massa e trabalhar com muitas outras pessoas de outras formas também.
🖇️ CLIPPING
Leituras que valem o clique.
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📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: divulgação
”As Crônicas de um Neguin” é um dos álbuns mais divertidos e interessantes do ano. Nele, OGermano mostra sua incrível capacidade de contar boas histórias e gerar identificação por meio da vulnerabilidade ao brincar com suas dores como em “Tentando Ser Eu Mesmo”. Os beats também são ótimos e criativos.
O álbum segue a jornada de Germanin, um jovem que se sente aprisionado na escola. Ele reflete sobre seu sucesso no YouTube, lida com a exclusão social, critica a comercialização da arte, e navega pelas complexidades da fama, incluindo amizades interesseiras e ilusórias. Ao longo do álbum, Germanin busca aceitação, encontra amor, e finalmente descobre sua verdadeira paixão e propósito na vida. ”As Crônicas de um Neguin” é redondinho, original e apresenta um artista que tem tudo pra fazer muito barulho na cena ainda.
🪩 A BOA!
Sempre uma sugestão 10/10 para você.

crédito: divulgação
[RJ] A primeira edição do Festival “Paredão Ocupa o Museu” traz o universo cultural dos paredões para o coração da cidade. A programação será dividida em três dias temáticos: Aparelhagem do Pará, Radiola de Reggae do Maranhão e Paredão de Funk.
O festival celebra a cultura dos paredões, grandes estruturas sonoras que impulsionam a música nacional e abrigam estilos originários das periferias e interiores do país. Compostas por caixas de som de diversos formatos, essas estruturas revolucionaram a música e envolvem cadeias de produção que empregam centenas de pessoas. Desenvolvidos ao longo de anos por artistas periféricos, esses movimentos refletem a diversidade sonora do Brasil, abrangendo gêneros como funk, tecnobrega e reggae.
Absurdo, tá? Quero muito colar.
26 a 28 de setembro, 0800, no CCBB

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista musical, apresentador, criador de conteúdo, assessor de imprensa e idealizador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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