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SEGUE O SOM #08
Entrevista com Bruno Berle | Pente Fino | Amabbi e mais...

SOS #08 | Pra depois da news…
Finalmente postei minha entrevista com FBC no meu canal do Youtube. Nessa conversa permiti que o papo rolasse mais solto e fiquei menos preso ao roteito. O resultado foi incrível, confira :)
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[single] Jean Tassy ft. Don L - Dias Melhores
Mais um verso absurdo do Don L. Não consigo me acostumar (ainda bem). Pega: “O dia nasceu ríspido/ E nada fez sentido / Olhando pra tudo tipo: ‘Pra onde esses carros correm?’ / Ouvindo mentiras no rádio / Jovens com ideias velhas”. Gostei muito da sinergia com o Jean Tassy e a produção do Iuri Rio Branco co-protagoniza a faixa.
[single] Flora Matos - Barril Dobrado
Sabemos que ninguém fala de amor como a Flora e confesso que ouvi-la falando de outras coisas depois de um tempo me pegou de surpresa. Em “Barril Dobrado” ela dá vários papos retos, mas com ironias também e causa um estranhamento proposital. Gosto que ela fez algo diferente. Gosto de quem faz a gente sentir algo.
[álbum] ALEE - Caos
Livre de problemas com a antiga gravadora, ALEE lança seu segundo álbum da carreira (no mesmo ano) e comenta: “Já esse novo trabalho vem para firmar quem eu sou. Foi feito com mais intenção em cima de um conceito, as músicas tem ligação uma na outra. E estou feliz em conseguir lançar sem nenhum empecilho agora".
[single] Gilsons ft. Ferrugem - Bebê
Motivados pelo encontro no Palco Sunset do Rock in Rio, Gilsons e Ferrugem lançam um samba-pop bem leve e cadenciado, no estilo do trio. Gostei do contraste da suavidade característica do grupo com a potência da voz do Ferrugem, uma das minhas vozes favoritas.
[álbum] Jamie XX - In Waves
Tá no mundo o sucessor do aclamado “In Colour” do Jamie XX, produtor musical inglês. Aos longo de 12 faixas ele reproduz os sentimentos e a volatilidade de uma noite quase mística ao lado de um grande elenco de participações: The Avalanches, Kelsey Lu, John Glacier e Panda Bear, Oona Doherty e seus parceiros do The XX, Romy e Oliver Sim.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Bruno Berle: "Toquei mais pra gringos do que brasileiros e isso fala muito sobre a natureza da minha música”

crédito: Marina Zabenzi
Bruno Berle é um daqueles artistas que quando você descobre, precisa imergir na sua obra. “No Reino dos Afetos”, seu álbum de estreia, furou a bolha e o projetou para novos ares, literalmente. Ele viajou o Brasil e o mundo e posteriormente lançou o sucessor do projeto. O volume 2 tem lindas composições como “É Só Você Chegar”, “Dizer Adeus” e “Tirolirole”. Conheça um pouco mais sobre ele lendo nossa conversa.
Bruno, seu primeiro álbum, "No Reino dos Afetos", fez um sucesso bem grande no streaming - algo fora da curva na cena independente. O que você acha que tem nele que encantou tanto as pessoas?
Um pouco de algumas coisas: as composições e a diversidade entre elas, que ao mesmo tempo foram feitas por um grupo de amigos que tinham influências em comum mas vivências diferentes; o álbum todo é positivo, alegre, aberto pros sonhos e tem muita auto-estima em todas as letras; minha simbiose com Batata na produção e nos arranjos, a fé que a gente tinha no que tava gravando mesmo com equipamentos fudidos, nossa visão e vontade pra por os trabalhos no mundo; saiu pelo selo certo e na hora certa, logo após a pandemia e num grande momento da música brasileira lá fora.
E o que mudou no processo de composição/produção para fazer "No Reino dos Afetos 2"?
Minha chegada em SP trouxe imediatamente alguns novos sons mas senti que pra desenvolver o trabalho que eu imaginava seria necessário mais do que as condições permitiam naquele momento, então resolvi voltar pra canções e gravações do tempo do primeiro disco e colocar alguma coisa nova junto.
Eu e Batata gravamos mais uma vez de forma itinerante e aberta: na casa dele, de amigos, bons estúdios em SP, RJ e Maceió.
Há pouco tempo você rodou algumas cidades da Europa para se apresentar. Aliás, você disse ao GLOBO que “metade de seus ouvintes são de outros países”. Aparentemente a barreira linguística parece não ser um problema, correto? Como foi sua experiência por lá?
Toquei mais pra gringos do que brasileiros e isso fala muito sobre a natureza da minha música: uma coisa muito ligada a cultura popular e ao mesmo apresentada de uma forma universal, organizada, com estilo, originalidade e principalmente liberdade musical.
Ultimamente penso que meu trabalho cada vez mais se enquadra na categoria de “world music” e gosto disso. Prefiro isso a ser resumido aos clichês da música brasileira reconhecida lá fora. Eu não faço e nunca fiz samba, nem disco funk music, minha parada é outra, as células rítmicas, as paisagens, as relações são outras, e mesmo quando um samba ou um funk passam por mim viram outra ideia, são atravessados pela minha síncope, pela música nordestina, alagoana, pernambucana.
Foram 20 shows em menos de um ano só na Europa. Pra quem veio da realidade que eu vim isso e sendo quem eu sou é tão surreal que não consigo te descrever o tamanho dessa conquista pra mim e pra minha família.
Recentemente você participou do time de compositores do álbum da Gabriela (Melim) e foi a única participação do álbum em "Amor Inteiro", música que adoro. Como foi trabalhar com ela e "pisar no pop", digamos assim?
Foi massa! Gabi é uma artista que me ensinou muita coisa em pouco tempo. Primeiro que ela montou um time pra compor junto que vem de diferentes lugares e realidades do Brasil, isso me deixou confortável, pois diversidade no meio musical ainda tá muito em falta!
Trabalhar junto com compositores feras que me ensinaram muita coisa como Tennison Del Rey, Chico Brown, Juliano Moreira e Gabriel Geraissati me abriu novos horizontes. E essa galera tava fazendo toda junta, com direção forte da Gabi, que além de super cantora é super compositora, sagaz, com esse tino da música pop que ela já provou ter há tempos.
A dedicação, a ética no trampo, a forma leve de trabalhar da Gabi me inspiram. E esse convite pro feat foi a cereja do bolo, me alegrou muito porque é uma canção que amo e até incorporei no meu repertório ao vivo numa versão mais curta e minimalista.
E o lançamento mais recente que você participa é "tudo pra agora", com batata boy, seu parceiro musical de longa data. Me conta um pouco sobre a música, por favor.
Batata tinha feito o beat inteiro no telefone há um tempo e o que tinha era esse bounce, já com os efeitos e a mix, com todos os instrumentos juntos. Um dia snowfuks foi na casa dele experimentar e eu resolvi que só chegaria no fim da sessão.
Já de noite apareci lá e ouvi essas vozes que ela tinha colocado bem espaçadas, com palavras cantadas sem uma ligação explícita, sem uma canção ali. Ouvi e senti de fazer de uma vez, improvisado. A gente deu um tempo, fumou um, voltou e eu gravei um primeiro take já com letra e melodia. Batata disse “ótimo, vamo mais um?”, gravei e é o que tá ali.
É um som tão sincero que fiquei com medo da reação da galera. Fala do meu momento, do desejo de trazer pra minha vida coisas básicas.
🖇️ CLIPPING
Leituras que valem o clique.
👨🏼🎤 Os 40 maiores shows dos 40 anos de Rock in Rio | G1 (Eu participei!)
🎤 Edi Rock, do Racionais, diz já não querer atenção e chama Marçal de aproveitador | Folha de São Paulo
💽 Crítica: Tássia Reis: "Topo da Minha Cabeça" | Música Instantânea
👩🏼🦰 Rita Lee deixou música inédita para Maria Bethânia, diz Roberto de Carvalho | Folha de São Paulo
😭 Lil Wayne on Not Getting Super Bowl 2025 Halftime Show: “It Broke Me” | Pitchfork
📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Maria Paula Freire
Com pouco mais de um mês de lançamento, “Voos e Versos” é o primeiro álbum da Amabbi, cantora e compositora da zona norte de São Paulo. Inspirada no livro de poemas homônimo, a obra dividida em três atos - casulo, crisálida e borboleta - que traçam um paralelo entre a metamorfose da natureza com o percurso de transformação de uma mulher. De cara já da pra ver que ela não é qualquer uma.
Logo na primeira audição é possível perceber que Amabbi tem algo diferente. Aliás, enquanto eu conversei com FBC - que participa da faixa de abertura - ele me contou que ela é talentosíssima e escreveu a parte dela rapidamente. Aliás, a música dos dois, “Mais Uma Vez” é uma das minhas favoritas do projeto. Gosto bastante também de “Rita Lee”.
🪩 A BOA!
Sempre uma sugestão 10/10 para você.

O ArtRio é um dos meus eventos anuais favoritos na cidade. Indo pra décima quarta edição, a feira de arte acontece entre dias 26 e 29 de setembro na Marina da Glória e este ano conta com cerca de noventa entidades participantes, entre galerias e instituições culturais, divididas pelos mais de 14 000 metros quadrados do espaço, entre área externa e interna.
Vale muito reservar uma tarde para ir com calma conhecer o espaço, novos artistas e fomentar a nossa cultura. Certamente estarei por lá. Você compra ingressos aqui.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista musical, apresentador, criador de conteúdo, assessor de imprensa e idealizador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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