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SEGUE O SOM #15
Entrevista com Jovem Dionísio | Pente Fino | Murica e mais...

SOS #15 | bora pra mais uma
com Flamengo campeão e pelo fim da escala 6×1.
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[álbum] Xamã - Mary Madalena
Gostei muito do novo single do Xamã porque tem tudo o que ele faz de melhor: rimas fora da caixa, um jeito único de falar de amor, e a mistura de elementos surreais com suas referências. Nesse caso foi “Madalena”, clássico do Ivan Lins que ele canta no refrão.
[single] Jovem Dionísio - Crochê
Me senti honrado de receber em primeira mão o novo single da Jovem Dionísio. Eles me chamaram na DM pra opinar sobre a faixa - que curti bastante - e acabamos fazendo uma das melhores entrevistas aqui da newsletter. Leia o papo pra saber mais do single e da carreira deles também.
[álbum] Arodite BXD - Me Desculpa Veigh
Fui impactado pelos versos da Afrodite BXD no twitter, depois no tiktok, até que enfim o Youtube me mostrou o clipe dela. Fiquei de cara porque por 2 minutos seguidos ela cospe barras em um dos meus raps favoritos do ano. Muito bom mesmo.
[álbum] BADBADNOTGOOD ft. Tim Bernardes - Poeira Cósmica
Que experiência foi ouvir essa música! A banda canadense está no Brasil, fez show ontem em São Paulo e não é novidade que amam a música brasileira. Os caras aproveitaram a oportunidade para lançar uma linda parceria com o Tim Bernardes. Difícil explicar, tem que ouvir!
[single] Tom Karabachian - Barato Abstrato
Na última semana tive o prazer de colar na audição do primeiro álbum do Tom Karabachian, cara que conheço há muitos anos e fico feliz com essa nova fase. O disco é dividido em duas partes, o “Abstrato” de início e depois o “Barato”. Gosto bastante das mais românticas.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Jovem Dionísio: com certeza absoluta.

crédito: Fernando Mendes
Belni, Mendão, Gugo, Ber Hey e Fufa compõem a Jovem Dionísio, uma das bandas mais singulares da cena atual. Em 2022 explodiram com com “Acorda, Pedrinho”, mas os caras souberam aproveitar o hype e não viver em função de um hit. Depois do sucesso do primeiro álbum vieram com “Ontem Eu Tinha Certeza (Hoje Eu Tenho Mais)” em que exploraram novos horizontes. A aposta deu certo - foram indicados ao Grammy Latino. Hoje mesmo eles lançam um novo single e eu troco uma ideia com o vocalista Ber Pasquali em um dos melhores papos que tive por aqui. Confira!
Pessoal, hoje vocês lançam “Crochê”, uma música intimista, sincera e que fala de um relacionamento mal resolvido. Gostei bastante como focaram nas cordas - de violão e guitarra - para criar uma paisagem pouco explorada por vocês até então. Senti uma energia meio bossa-novista, meio lo-fi, ou é viagem minha? Me contem um pouco sobre a história da música por favor.
Então, essa música nasceu na mão do Mendão. Tanto a composição quanto o levante de ideias. O Mendão trouxe pra gente uma pré que ele já tinha gravado, essa pá de violão aí que já tá na música, ele já tinha gravado em casa e a gente gostou tanto que não tirou nenhum violão, não regravou nenhum também. A gente só adicionou algumas coisas depois e mexendo a composição juntos, assim. Porque tinha algumas ideias que a gente achava que dava pra refinar num lugar que a gente enxergava que a música tava... caminhando no discurso, assim.
Então, a gente fez mais esse trabalho de revisitar essas ideias que o Mendão já tinha criado e direcionar elas pra um caminho um pouco mais claro pra todos nós, assim. E o Mendão é um cara que tem esse lance de... ele curte muito bossa nova, assim, e ele... tá sempre tocando uma música ou outra de bossa nova, então ele tem esse lance da rítmica que se assemelha com a bossa nova. E o Lo-Fi acho que vem dele ter gravado em casa e com essas texturas que a gente ama.
Aliás, esse lance de explorar novas sonoridades já foi algo que observei bastante no último álbum de vocês, “Ontem Eu Tinha Certeza (Hoje Eu Tenho Mais)”. Sinto que ele vai pra mais lugares que o “Acorda, Pedrinho”, concordam? O que vocês mais queriam com ele?
Eu concordo. Nosso segundo disco tem muito mais sonoridades variadas entre as músicas. Isso porque quando a gente tava produzindo nosso primeiro disco, a gente tava descobrindo a produção e descobrindo como imprimir as nossas ideias dentro das músicas, e quando a gente começou a fazer o segundo disco a gente já tinha mais domínio desse processo, então a gente passou a estudar mais os nossos gostos e também adentrar mais no cerne das nossas intenções dentro das músicas.
Tipo, agora uma música que a gente queria fazer pra dançar, a gente estudava muito mais as músicas que nos faziam dançar e tentava aplicar essas lógicas dentro das nossas músicas, sabe? Então, eu acho que o que a gente queria no fim das contas com esse segundo disco, na verdade, era dominar muito mais as coisas que a gente gosta internamente, ter mais domínio dentro das nossas intenções mesmo.
Por exemplo, em “passeando no seu jeito” com Arnaldo Antunes, sinto vocês próximos do jungle e parcels, mas o fato de ter um dos maiores compositores da nossa música ali ressignifica a canção. Me contem um pouco dessa faixa por favor e como surgiu esse feat.
Essa é uma das músicas do disco que está no top 3 de todo mundo aqui dentro da banda. Todo mundo ama muito ela e quando a gente começou a fazer a ideia inicial era a gente tentar fazer um piseiro que ninguém tivesse feito (e no fim das contas a música não tem nada a ver com um piseiro agora), mas a gente tinha essa vontade, assim, pro verso e que o refrão fosse bem dançante e que fosse bem contrastado com o verso. Foi isso que nos motivou a começar ela.
E aí quando a gente montou o instrumental e o primeiro verso. A estrutura toda dela a gente não tinha um segundo refrão a gente deixou ele aberto assim só com instrumental e a música seguiu desse jeito por alguns meses assim. Aí enquanto a gente estava produzindo disco teve algum dia que eu acho que o Mendão ou o Meta acharam esse vídeo de uma propaganda, acho que da Academia de Letras, que era o Arnaldo Antunes recitando Paulo Leminski e a gente tirou o áudio dessa propaganda e botou a voz do Arnaldo ali dentro e encaixou perfeito de primeira assim.
A gente gostou muito e mandou para o empresário do Arnaldo Antunes, o Cupim, e a gente mandou pra ele e falou “pô mostra pro Arnaldo aí ver se ele gosta dessa ideia”. No fim das contas tanto o Arnaldo quanto a gente gostou muito do que estava sendo dito ali também e ainda mais por tá citando Paulo Leminski que é um dos maiores poetas daqui de Curitiba e aí foi assim que essa parceria surgiu. Então, essa voz do Arnaldo Antunes aí na verdade é um sample e não é uma gravação dele feita para música.
E “sinto muito” com Grupo Menos É Mais, como foi? Ela precisa de uma versão estendida!
“sinto muito” surgiu depois de a gente ficar flertando muito tempo de fazer uma música com o Menos é Mais. A gente tinha ido num show deles em 2022, eu acho, e aí conheceu eles e na primeira vez que a gente se encontrou o Duzão já falou “pô, vamos fazer um feat”. A gente falou “claro, certeza”, mas a gente não tinha nenhuma música. E daí, nesse tempo todo, a gente se encontrava assim e sempre falava"pô, a gente tem que fazer, temos que fazer”. Aí, a gente mandou essa música pra eles, eles gostaram muito e fizemos essa versão23. Eu também acho que tem que ter uma versão estendida, mas isso só o destino dirá. Isso é uma longa história, véi.
Agora queria saber um pouco da emoção de terem sido indicados ao Grammy Latino na categoria "Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa”. Acho que é a resposta pra quem achou que vocês se limitariam ao hit “Acorda, Pedrinho”.
A gente ficou feliz de ter sido indicado para o Grammy primeiro porque a gente não tem uma gravadora ou pessoas de influência próximo da gente que possam facilitar o nosso acesso para essa indicação. Então, a nossa indicação veio puramente pela música que a gente fez. O sentimento que a gente tinha fazendo esse disco é justamente o que está dito no título dele. “Ontem eu tinha certeza, hoje eu tenho mais” fala sobre essa sensação que a gente tem de que antes a gente achava que a gente tinha que estar fazendo música, hoje a gente acha ainda mais que a gente realmente deveria estar fazendo isso. E essa indicação, justamente nesse disco, confirma ainda mais essa sensação nossa de que realmente a gente tinha que estar fazendo música da vida. E a gente ficou feliz de saber que mais pessoas gostaram desse disco como a gente gostou enquanto a gente fazia ele.
Por fim, qual a relação sincera de vocês com essa música hoje?
Essa música bateu pra caralho em todo mundo desde a primeira vez que a gente ouviu. Então foi um processo muito bom de explorar nela ideias novas e sons novos que a gente anda gostando porque a gente tá envelhecendo juntos aqui dentro dessa banda, então tem ideias que a gente deixa de gostar e tem coisas novas que a gente quer botar nas músicas e essa música foi um bom espaço pra poder explorar ideias que a gente já usou em outras músicas e também sonoridades novas que a gente tá empolgado pra poder botar em coisas futuras.
🖇️ CLIPPING
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📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: @afilmbyme_
Acompanho o trabalho do Murica faz um tempo. Lembro quando o Youtube me sugeriu “Fome”, seu primeiro álbum, e fiquei completamente desnorteado. Como o nome sugere, o disco não dá margem para perder tempo - são 17 minutos de lírica pura. Murica estava com sangue nos olhos e o ímpeto de ser escutado. Vale dizer que em 2017, ele criou o grupo Puco Suco com Peres, também vocalista, e o produtor musical MK. Os três processaram as influências de Emicida, Criolo, Racionais, samba e tropicalismo e juntos formam um dos grupos mais inventivos da atualidade.
Fã dos tropicalistas e dos livros, ele diz em entrevista que “não estaria aqui se não fosse a poesia, se não fosse a palavra. Eu só virei MC por causa da poesia, por causa da palavra”. Recomendo de olhos fechados sua discografia (especialmente “Fome) e o trabalho com o Puro Suco. Vai por mim.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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