SEGUE O SOM #16

Entrevista com Ajuliacosta | Pente Fino | Caio Ocean mais...

SOS #16 | somos quase 1000!

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🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] Filipe Ret - NUME
A espera acabou e finamente “NUME” está entre nós. O disco tem um pouco do Filipe Ret que os fãs tanto sentem saudade, mas também aponta para o presente e para o futuro com os traps. Tenho curtido bastante e estou viciado em “Acima de Mim Só Deus”.

[single] Rico Dalasam - Cartazes
“Cartazes nasce de uma necessidade de refletir sobre um tema recorrente que surgiu nas minhas obras recentes: o desejo de sumir dentro do imaginário social. Esse desejo que existe e muitas vezes é evidenciado e verbalizado pelas pessoas no cotidiano. A faixa medita sobre esse sumiço em direção a um encontro pessoal ou um reencontro com uma parte perdida de si mesmo.”

[álbum] Mart'nália - Pagode da Mart'nália
O pagode 90 foi a inspiração para o novo álbum da Mart'nália. A cantora deixou clássicos do gênero com a sua cara: uma pegada mais leve e descontraída. O trabalho ainda conta com as participações de Martinho da Vila e Caetano Veloso.

[single] Anchietx - Céu Azul
Agora vencedor de Grammy com Os Garotin, Anchietx apresenta o primeiro single do seu novo EP. Na faixa ele experimenta combinações entre o R&B, rap e pop, além de trazer algumas rimas bem criativas.

[álbum] MandacaRio - MandacaRio
Desiree Laranja e Fernando Milano compõem a MandacaRio, grupo que se inspiram no axé e no samba para resultar em uma mistura original em homenagem à religiosidade afro-brasileira.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Ajuliacosta: com o pé na porta.

crédito: @vxldinei

Se esse é o ano das minas no rap, Ajuliacosta certamente é uma das culpadas. 2024 mal começou e ela já chegou com “Set Ajc 2”, que bagunçou a cena e a projetou para todo país. Seu último álbum, “Brutas Amam, Choram e Sentem Raiva” ainda está fresco e somado ao sucesso de “Você Parece Com Vergonha” e o verso mais falado do ano em “Poetas no Topo 4”, a artista deixa claro que veio pra ficar.

Antes de falarmos de música queria saber um pouco mais da moda, que desde os 15 anos é parte fundamental da sua vida. Além de uma cantora de sucesso, você também vem colhendo os frutos do seu negócio enquanto empresária com a sua marca AJC$hop. O que tem em comum no processo criativo dessas duas funções?

Eu acho que o que tem de comum no processo criativo dessas duas funções é porque o meu eu está muito presente. E o meu estilo. Eu acho que o público também segue muito as paradas que eu faço. É um público que se identifica comigo, nessas duas áreas.

Qual seu sonho enquanto cantora? E empresária?

Acho que os dois sonhos seguem mesmo, que é ser bem sucedida e realizada, sabe? Realizada com as coisas que eu crio, realizada com as coisas que eu faço e que isso impacte pessoas também.

Esse ano tem sido bem especial pra você. “Set Ajc 2” fez muito barulho em todo Brasil, assim como seu primeiro álbum “Brutas Amam, Choram e Sentem Raiva”, no qual você diz que precisou passar por um processo árduo de cobranças para pôr no mundo. Me conta um pouco desse processo por favor. Sua preocupação maior era atender suas expectativas ou dos outros?

Olha, eu acho que no “Set Ajc” nem tanto porque as coisas fluem muito bem, assim, sabe? Eu acho que foi mais no álbum de “Brutas” mesmo que eu acho que foi uma cobrança minha comigo mesma. E eu acho que era um momento muito bagunçado de muitas emoções. E eu acho que esse álbum representa isso também, sabe? Esse marco de muitas emoções. Tanto que a gente fala de amor, de raiva, de vários sentimentos. Então acho que isso impactou um pouco em mim. Eu acho que tinha um pouco dos dois. Acho que tinha a minha expectativa e a expectativa do outro, sabe? De tipo “pô, a Julia fez um EP foda, então o que ela vai vim agora?” Mas graças a Deus eu me livrei dessas expectativas. Tanto dos outros quanto de mim, eu estou só deixando as coisas fluírem.

Seu primeiro show internacional foi logo em Paris, no Karnaval With Love - evento voltado para as músicas das comunidades negras francófonas - no qual você disse à Folha que “os homens também curtem shows de rappers mulheres, mas no Brasil ainda temos uma dificuldade grande de cativar esse público”. E eu concordo totalmente com você. Pra mim o ano de 2024 foi totalmente das mulheres no rap, mas por que você acha que ainda não dão a atenção devida?

Eu acho que é porque o rap é muito machista. Enquanto esses próprios rappers, a própria indústria não conseguir se ligar e falar tipo, “mano, realmente... é um lugar machista, o rap é um âmbito machista” eu acho que o público não se educa, sabe? Não sei o que tem de diferente no rap da França de fato mas lá eu vi isso, eu vi o quanto que os caras curtem música por ser música, não por gênero, sabe?

E aqui tem essa parada de inferioridade da mulher. O rap foi muito masculino a gente teve mulheres que também tiveram que se masculinizar durante uma época, sabe? E a gente vem mudando isso, vem falando que “não, somos femininas, estamos aqui e queremos respeito, sabe?”. Então eu acho a presença feminina no rap também já faz toda essa diferença de tipo, afirmando quem somos, sabe? E quem gosta de música vai gostar e agora quem gosta de homem, infelizmente, vai continuar gostando dos mesmos rappers de sempre.

De certa forma foi sobre isso que você rimou no Poetas no Topo 4, a exclusão de mulheres nas pautas levantadas pelos MCs. Sem dúvidas o público sentiu o recado, mas você acha que a galera que você atacou também?

Meu, não sei. E eu acho que foi uma coisa tão óbvia assim que estava na minha cabeça perpetuando por muito tempo. De tipo “mano, é mesmo sobre igualdade, então por que que nunca tem uma mulher, sabe? É rap.” Eu acho que se entendeu ou se só ouviu - porque também tem esses dois parâmetros - mas eu acho que só de ter falado e ter impactado de alguma forma já vale. De um jeito ou de outro tem que ter essa pressão de falar “caramba não tem só uma mina, sabe?“. Acho que é isso.

E já teve algum momento que te marcou em que algum OG demonstrou orgulho de você? Se sim, conta pra gente.

Eu não tive um contato direto, mas assim, duas pessoas que eu sou muito fã me marcaram: o Black Alien, ele falou que o trabalho do que a gente fez foi foda em “Você Parece com Vergonha”. E o Mano Brown me seguiu também. Acho que o KL Jay tocou minha música, então acho que tipo assim, se esses caras estão ouvindo, estão tipo “oh, da uma atenção pra ela”, isso pra mim já é tudo.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

Vivências pela Zona Norte do Rio ao som do boom bap. É assim que sinto “Garoto Oceano”, EP recém-lançado do cantor Caio Ocean. Gravado inteiramente no celular, o projeto explora seis faixas que transitam entre diversos ritmos e sentimentos, evidenciando sua habilidade em unir caos e ordem por meio da música. Arrependimentos, dúvidas, autoconfiança, solidão e esforço são alguns dos temas que o MC rima, sem medo de mostrar seu lado vulnerável.

O artista comenta: “Garoto Oceano foi um projeto cujo processo de criação me divertiu muito. Busquei experimentar uma nova sonoridade, algo que trouxesse uma experiência de imersão aos meus pensamentos e personalidade. Um compilado orgânico e artesanal de sentimentos e vontades. Sou um garoto que aprecia o método científico de criação, uma base de erros e acertos, que consiga resumir uma busca por identidade. Para mim o EP todo em si, apesar de algo simples, é um grande destaque, é símbolo de uma variedade de ações, quando o assunto é o poder de criação dos artistas independentes.”

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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