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SEGUE O SOM #21
Entrevista com Douglas Lemos | Pente Fino | 2ZDinizz mais...

SOS #21 | Chegamos ao Top 5
Foram 19 vídeos - do 24 ao 6 - e finalmente cheguei na minha lista dos cinco álbuns favoritos de 2024. Confira hoje no meu perfil e não deixe de engajar lá!
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[álbum] SZA - SOS Deluxe: LANA
O aguardando deluxe de “SOS”, sucesso absoluto da SZA, finalmente está disponível. “30 for 30” com Kendrick Lamar certamente é um dos destaques, mas a animada “BMF” também é ótima.
[single] Douglas Lemos - NO MORRO DO PINTO
Os domingos no Rio de Janeiro não foram mais os mesmos depois que o DG passou a fazer seu pagode no Morro do Pinto. O sucesso inspirou o novo single, aquele samba pra bater na palma da mão e que certamente vai fazer parte do repertório dele. Falamos mais na entrevista de hoje.
[álbum] MC Cabelinho - Não Sou Santo Mas Não Sou Bandido
Olha, eu sou super fã do Cabelinho, mas confesso que esperava mais do disco. Talvez eu precise de mais tempo para digerir, até porque só ouvi uma vez, mas de toda forma, ainda é um álbum interessante. Devo falar mais em breve.
[EP] Sain ft FEBEM - HIGHBOYZ
Bebeto e Romário do boom bap se juntaram e o resultado não poderia ser menos que incrível. Os dois estão cuspindo barras no característico slow flow de ambos em cima de beats excelentes. Destaco "FERME LA BOUCHE” com Leall, Akilla JXNV$.
[single] J. Cole - 2014 Forest Hills Drive (10 Year Anniversary Edition)
Bizarro pensar que esse álbum tá fazendo dez anos. Lembro perfeitamente do lançamento e do barulho. É um dos meus discos internacionais favoritos e que marcou uma época da minha. Gostei de revisitar.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Douglas Lemos: da Glória, do Morro do Pinto, do Rio.

crédito: Wilmore Oliveira
Cria da Glória, o Douglas Lemos tá na estrada faz um tempo levantando a bandeira do samba - sempre fazendo reverência aos que vieram antes e abrindo caminho para quem tá chegando. Suas parcerias mostram como ele tem essa preocupação de juntar passado, presente e futuro, como Moacyr Luz e Sain. Há um ano ele passou a tomar a frente de um dos melhores sambas o Rio, o Pagode do DG, inspiração do seu novo single.
DG, a Glória e suas redondezas são a sua área e sua inspiração, mas o Morro do Pinto passou a ser um desses lugares depois do sucesso do seu pagode. A galera bate ponto no samba e é elogiado por todos. Como tem sido essa experiência?
Eu me senti muito acolhido no Morro do Pinto desde que a gente começou a fazer o samba em novembro do ano passado, um ano muito intenso de trabalho, muito suor, sabe? É difícil bancar um evento na rua sem patrocínio de nada, nenhuma marca nunca ajudou a gente, a gente fez tudo no corre mesmo. E muito legal o elogio da galera, né? Até de pessoas no meio da música, né? Vão lá também para se divertir.
E eu sempre busquei também dar oportunidade para novos compositores irem lá e mostrarem o seu trabalho. Ou um musicista também, chega lá, senta, toca um pouquinho, né? E poder mesclar também um repertório, né? Cantar umas coisinhas um pouco mais desconhecidas. E claro, um sucesso ou outro, né? Porque botar rapaziada para cantar tem seu valor. E muita música minha também nesse repertório junto.
E obviamente essa foi a inspiração pro seu novo single, “NO MORRO DO PINTO”. Conta um pouco do processo da sua inspiração e suas ideias pra fazer essa música por favor.
Cara, a inspiração do single foi isso, né, brindar esse um ano aí de história lá no morro - um momento muito bacana que eu fiz pensando pro futuro. Sei lá, daqui a dez, vinte anos, lembrar da galera que viveu ali esse um ano aqueles domingos, aquela vista pra zona norte, as montanhas ,a vista diferenciado do rio… lembrar dos domingos. Eu pensando nisso - que eu fiz a música também pra homenagear ali a galera do morro, os moradores, acho que foi isso.
Você é um cara que tá sempre falando da importância de tocar e respeitar os antigos compositores, seja no Pagode do DG ou no Sambachaça, mas minha pergunta é sobre a rapaziada que tá chegando agora. Quem são os artistas contemporâneos que te inspiram?
Cara, eu acho que é fundamental a gente lembrar do passado, né? Pra falar de samba, de música brasileira, tem que ter essas referências do passado também. Eu sempre busco exaltar, sim, esses compositores, tem uma música do Paulo Cesar Pinheiro que me diz muito sobre isso, chama “Resgate”, o nome da música. Tem o nome do disco, da Cristina Buarque. Eu acho que tá tudo aí, sabe? Respeitando a tradição, a gente pode fazer o novo, entendeu?
E, cara, tem muita gente boa trabalhando aí, mas eu tenho minhas ressalvas, assim, porque eu acho que a galera é muito desunida, sabe? Ninguém compartilha o trabalho novo de ninguém, sabe? Eu acho isso meio triste. Ninguém canta as músicas dos compositores novos, sabe? Eu tô lá tentando fazer a minha parte. Faço a minha parte, chamo as pessoas que vão lá no meu samba, compositor, compositora, pra cantar, eu canto as minhas músicas, faz alguma de parceiro ou outro ali, eu peço pra cantar, a gente vai junto no coro, sabe? Eu acho que eu faço a minha parte humildemente pra roda girar.
Imagino que um deles seja o Sain. Como se deu essa amizade? E a experiência de misturar samba com rap nas músicas que fizeram?
Cara, Sain é meu parceirão, meu amigo, sabe? Essa galera do rap, o rap canta as ruas, né, o que acontece nas ruas, e eu também canto no samba, o samba canta sobre as ruas, então não tem como andar distante disso. O rap é uma música urbana, assim como o samba, então, pra mim é impossível ver isso como duas coisas distintas, né.
Claro, musicalmente eles têm outras referências, muitas coisas das ruas de, por exemplo, dos Estados Unidos, o rap veio de lá, né, agora o samba não, o samba é daqui, então, mais ou menos, essa é a única diferença, uma diferença grande, mas a gente ainda tem que cortar, um jeito de andar, né, uma vestimenta, um jeito de ir num restaurante, sabe, dar um passeio pela cidade, acho que é isso, é um modo de vida, né, antigos sambistas, né, e hoje em dia é um estilo de vida dos rappers.
🖇️ CLIPPING
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📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: divulgação.
Não tenho dúvidas que se o 2ZDinizz tivesse lançado “PATRONO” antes, estaria na minha lista dos álbuns favoritos de 2024. Que saudade que eu tava de ouvir um bom disco de rap com conceito, bons beats, uma história pra contar e muita verdade. Ao longo das faixas, o 2Z conversa com uma espécie de mentor imaginário que o guia pela jornada de autoconhecimento. A ideia é muito boa e ele faz funcionar perfeitamente por meio de conversas de bar, histórias e relatos pessoais.
Segundo 2ZDinizz, o conceito de “Patrono” vai além do estereótipo ligado ao samba ou aos bicheiros. Para ele, o Patrono é aquele que reúne, cuida e guia sua comunidade com sabedoria e igualdade. “É o cara que trata todos com os mesmos valores, seja o mais rico ou o mais humilde. Não é algo que você se autodenomina, mas um título que a comunidade te confere por consenso. Não sou esse cara ainda, mas é quem quero me tornar no futuro”, explica o artista.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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