SEGUE O SOM #23

Entrevista com Sain | Pente Fino | dada Joãozinho e mais...

SOS #23 | muita coisa boa, ein

Se janeiro costuma ser um mês fraco de lançamentos, 2025 veio aí pra me surpreender. Tem bastante música boa saindo e você sempre se atualiza por aqui.

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] BaianaSystem - O Mundo Dá Voltas
Que álbum! Feats: Anitta, Emicida, Gilberto Gil, Melly, Seu Jorge e Vandal | Produção: Ganjaman | Direção Musical: Russo Passapusso. Quer mais o que?

[álbum] Mac Miller - Balloonerism
O segundo álbum póstumo do Mac Miller está entre nós. Que saudade eu sinto dele… Destaco o feat com a SZA, artista que ele já amava muito antes do resto do mundo.

[single] Rachel Reis - Deixa Molhar
O lançamento do single é mais um gosto do novo álbum da artista. Enquanto o primeiro single explorava nuances mais densas e introspectivas da jornada pessoal e profissional de Rachel, "Deixa Molhar" oferece uma perspectiva mais leve e otimista, com uma nostalgia dançante.

[single] Samuel de Saboia - Rei de Nada
Que música linda! E logo a primeira lançada da vida do Samuel, multi-artista reconhecido internacionalmente e que se prova um excelente cantor e compositor.

[single] dadá Joãozinho - 100 anos
Difícil dizer o que mais gostei: o clipe ou a música - ambos super criativos e bonitos.

[single] Miliano - Bom Malandro
Boom bap de primeira! Não conhecia o Miliano, mas curti bastante suas rimas e a criatividade de comparar seu lifestyle como dos malandros.

[single] Enme ft. UANA - LUA CHEIA
Confesso que não estava ligado no trabalho da Enme, mas curti bastante, sobretudo a sinergia com a UANA, artista que tenho gostado cada vez mais. Letra legal e produção ótima.

[EP] Clara Ribeiro - Amor Para Além do Atlântico Sul
Adorei a indicação que recebi essa semana. Em apenas quatro músicas a Clara consegue criar um universo e entregar um projeto coesa enquanto passeia pelo neosoul, afrobeat e reggae.

[EP] Teto - tempo.z
O baiano de Jacobina relançou algumas guias da sua fase mais trapper, em 2021. Elas estavam no Youtube, mas agora essão em versões oficiais e finalizadas.

[single] Jungle - Keep Me Satisfied
Jungle lança, eu divulgo. Amo eles. Achei bem parecido com “Back on 74”, mas indo pra outro caminho.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Sain: KTT é selva e ele conhece a fauna

crédito: Bel Gandolfo

Desde a época do Start já dava pra saber que o Sain era diferenciado. Ou melhor, será que desde “Lodeando”, clássico que eu cantei demais no início dos anos 2000. Enfim, a verdade é que hoje ninguém contesta o talento dele e sua discografia segue impecável. Gosto dos três discos, especialmente o “KTT ZOO” e o EP “HIGHBOYZ”, feito em parceria com o Febem. Confira nosso papo!

Sain, recentemente você lançou o EP “HIGHBOYZ” com o Febem, rapper que muitas vezes é apontado junto com você como um dos melhores da cena - e eu concordo. Inclusive o estilo de vocês rimarem é parecido, aquele slow flow, mas queria que você comentasse um pouco sobre as suas diferenças. O que você mais admira no Febem enquanto MC?

Cara, o Febem é meu parceiro, né? Óbvio que a maioria das vezes a gente tá trocando ideia e rindo quando a gente tá junto, mas tem uma parada que eu acho muito foda do Febem, que eu admiro bastante: a seriedade dele mesmo com a vida, assim, sabe qual é?

Acho que ele tem uma parada assim mais dura mesmo, como ele mesmo fala, as ideias duras, não sei se é bagulho de paulista, mas eu admiro isso assim nele. De enxergar a vida, o caminho assim, de um jeito mais sério mesmo, mais pesado.

E como foi o processo de pensar esse EP? As referências musicais, o que desenvolveram como conceito, os feats e tal…

Cara, a ideia, na real, quando eu junto justamente o Febem, do Rap, e a High, que é uma marca de skate, a primeira referência assim que veio na minha cabeça foi a mixtape da ZOO York, tá ligado? Acho que pra mim é uma minha referência de Rap e Skate. Acho que aquilo ali foi bem um caminho assim pra gente seguir, foi em cima daquilo ali.

Tem vários estilos de Rap, né? Eu faço de um jeito, filme faz de outro, a gente junto faz de outro. A gente foi buscar meio que nesse caminho aí, sabe qual é? Dos Rap que a gente escutava em parte de vídeo de skate, qual que é o Rap que a gente escutava nas sessões de skate quando a gente era menor, tá ligado? Fomos por esse caminho assim, a nossa referência foi mais essa.

Com mais de um ano de lançamento, “KTT ZOO” ainda é muito celebrado e você segue com turnê ainda. É curioso como por mais que o disco fale de uma região muito específica do Rio, muita gente se relaciona. Pra você, por que isso acontece?

Então, cara, eu acho que essa parada é uma coisa que eu tive quando eu vi o Ol’Dirty falando do Brooklyn Zoo, sabe qual é? Eu também não sou de lá, mas eu tenho o carinho, o pertencimento da minha área, e eu consegui enxergar isso dentro daquilo, eu acho que a rapaziada também conseguiu enxergar isso dentro do meu trabalho, assim, né?

Todo mundo tem as suas histórias na tua área, tem seus amigos ou familiares que encontram ali, a sua vivência na sua área, sabe qual é? Acho que isso depende do endereço, acho que é bem parecido, né, pra todo mundo, assim, né? Muda um pouco a roupagem, mas a essência é a minha camisa.

E pra esse ano, quais os planos? Vai ter show com Febem? Novo disco? Conta aí.

Vai. Eu tô com uns três projetos já engatilhados, cara, com um produtor que eu me amarro lá da Espanha, tem um negócio com a Ecologyc, tem um disco meu também novo pra vir. Tamo vendo também, eu e o Febem tamo alinhando isso pra começar a botar esse projeto também na pista, fazer um show disso aí. 2025 vai ser agitado.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Marina Zabenzi

De Niterói, dada Joãozinho foi para São Paulo experimentar as possibilidades da grande metrópole. Deixou o grupo ROSABEGE, grupo que fez um barulho legal, e se aventurou nova cidade. Ele não contava com a pandemia, mas aproveitar o tempo para fazer com calma seu primeiro álbum, “tds bem Global”, que foi bem recebido e o colocou definitivamente entre uma das promessas da música brasileira.

“Fui muito atravessado pela vivência na megalópole e a maneira que sentia ela conectada com outros e diferentes territórios. Via produção de imagem e sentido, cultura, consumo e confluência de linguagens. Percebi o Brasil, o terceiro mundo como motor da globalização, onde se fizeram os portos que possibilitaram a estrutura global capitalista. E via meu corpo e meus próximos dentro disso, exaustos de trabalho e crise. Quis fazer um disco que tocasse nessa sensibilidade e carregasse fé no movimento, numa maneira de encontrar liberdade e sonhos que criassem novas vidas, novas perspectivas de desejo e realidade”, explicou Joãozinho em entrevista.

Bom, depois de um single com batata boy e outro com a banda Raça, ele chega com “100 anos”, faixa que adorei e que cresceu bastante depois que assisti ao clipe no Youtube. Escute que vai gostar!

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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