SEGUE O SOM #24

Entrevista com Pretinho da Serrinha | Pente Fino | Clara Ribeiro e mais...

SOS #24 | Pente Fino bombando :)

Fiquei super feliz com o boom que a playlist deu. Somos mais de 1700 por lá. Não deixe de seguir!

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] FKA Twigs - EUSEXUA
Acho que tenho meu novo álbum favorito da FKA Twigs. Conheci o trabalho dela com o “LP1”, ou seja, há mais de dez anos, e gosto muito como ela é muito original. Que música é “Drums Of Death”!

[álbum] Paulinho da Viola - 80 Anos (Ao Vivo)
Eu sou suspeito demais porque amo o Paulinho e especialmente neste show não conseguir ir, então fiquei muito feliz com esse registro e notar que ele segue bem à plenos pulmões. É uma boa oportunidade para que não o conhece tão bem passar a se encantar pelo sambista.

[single] Carol Biazin ft. Ebony - Que Pecado!
“Desde o início, senti que essa música pedia uma parceria que tivesse a mesma intensidade e autenticidade que ela carrega. Ebony trouxe exatamente isso. Essa parceria foi como uma conversa entre duas mulheres que se entendem e se fortalecem” - disse a cantora.

[single] Poze do Rodo, Bielzin, Kadu, Borges, Tuto, Chefin, Luuky, Oruam - A Cara do Crime 5 (Passe Caro)
A nova edição do cypher conta com a conexão entre Rio e São Paulo, mas o refrão vale para todos os estados do Brasil: “Pique jogador, nosso passe é caro demais | Tudo que nós quer é viver nossa vida em paz | Melhor que ontem”.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Pretinho da Serrinha: mestre de bateria; aprendiz de trap

crédito: divulgação

Revisitando alguns vídeos por aqui me deparei com a minha entrevista com o Pretinho da Serrinha, em outubro de 2024, que acabei não postando aqui. Burrice minha. O papo foi incrível e ele comentou sobre diversas coisas que não o via falando em outros papos. Não é a toa que o Pretinho é um cara tão respeitado. Seu sucesso é muito merecido e você entende um pouquinho mais o motivo nessa conversa.

Pretinho, você surgiu como um grande expoente da percussão, se consagrou como produtor e agora é frontman da sua própria roda de samba. Como tem sido essa experiência pra você?

Essa coisa de vir pra frente do palco faz um tempo já. Uma coisa que eu nunca quis, sabe? Que eu nunca pensei na minha vida. Quando eu comecei... eu faço música desde sempre, eu não tenho outra lembrança de infância que não seja tocando instrumento, e o meu sonho sempre foi tocar. Tocar, eu quero tocar, eu quero tocar com fulano, eu quero ser músico. Eu sempre pensei em ser músico. Mas quando as coisas foram acontecendo, eu comecei a escrever, aí surgiram as parcerias com Seu Jorge, Gabriel Moura, Fábio, Roger, e começaram a fazer sucesso. E toda vez que eu chegava numa roda de samba alguém falava “pô, canta a tua música aí, bicho, canta a tua música”. Quando eu vi, eu tava cantando.

Eu to lá e cá o tempo inteiro. Ninguém fala “ah, o Pretinho é só artista, o Pretinho é do show dele”. Não. O Pretinho é do show da Marisa Monte, é do show do Caetano Veloso e Maria Betânia, Pretinho é o diretor do disco do Xande, o Pretinho agora é produtor do “Partimpim” que acabou de sair com a Adriana Calcanhoto agora, então, assim, o Pretinho é isso tudo. Eu só vou trocando a posição.

Você mencionou alguns trabalho excelentes. Qual desses últimos te orgulha mais?

É difícil, porque cada disco é... Tanto que a pessoa faz um agora, daqui a dois anos faz outro, disco é assim, saiu aquele, aquele é o disco. “Negra Ópera”, do Martinho da Vila, é um disco que eu tenho muito orgulho, que eu ganhei o Grammy Latino no ano passado, e eu tenho muito orgulho.

E aí na sequência vem o Xande, que é um disco que eu vou dizer que eu tenho mais orgulho... mais de um que outro... porque nesse eu trabalhei mais, esse é um disco que a gente fez na pandemia, que eu fiz praticamente sozinho, tive poucos músicos, não podia juntar muita gente, fazia teste, não podia te gravar, então é um disco muito meu também. É um disco que eu tenho um apego maior, porque eu comecei da escolha do repertório até o final do disco.

Esse foi o que você participou de mais processos?

É... eu venho desde a primeira reunião com o Paula Lavigne, com Caetano Veloso. Paula que foi a idealizadora desse negócio, Paula queria dar de presente pro Caetano de 80 anos um disco. Ela falou: “tem todo mundo homenageando o Caetano, mas eu quero fazer a minha homenagem ao Caetano. Então você produz, você canta”. Ela que organizou isso tudo, então venho nesse trabalho do início até a escolha, o tempo, como faz, aonde faz, qual é a música que vai gravar, então esse trabalho eu tenho muito muito apego.

Na minha opinião, eu acho que "Xande canta Caetano" é um dos melhores discos dos últimos anos e um dos mais simbólicos. Eu comentei com o Xande de uma fala da Luana Carvalho que diz que o “Xande canta Caetano” ajudou a aproximar a periferia do Caetano e vice-versa, e o Xande concordou muito com isso também...

Muita gente não sabia que aquela música era do Caetano. Muita gente também não conhecia o Xande. Pode parecer impossível, mas tinha gente também que não conhecia esse Xande. “Ah, o Xande, aquele cara lá do samba, lá do Revelação”, mas não sabia exatamente quem era. Sabia o nome Xande de Pilares, mas não sabia quem era. O meu medo quando acabou esse disco foi assim “o que eu vou fazer depois disso?”.

Eu fiquei com muito medo disso, sabe? Parece até uma coisa assim de soberba demais, mas não era não, porque a gente sabe quando o negócio é bom... você sabe quando dá certo, quando não dá certo. E já ali no processo de gravação, eu falava assim: “caraca, a gente acertou. A gente vai ganhar muita coisa com esse disco”. Aí o Xande, que é todo humilde, falou assim: “não, cara. Pô, nunca ganhei nada. Nunca ganhei nada”. Falei: “cara, a gente vai ganhar tudo com esse disco. Tudo que for possível, a gente vai ganhar com esse disco”. Porque eu sentia que tinha muita energia. E a gente conseguiu botar nesse disco toda energia que tinha de bom naquele momento ruim.

Você é uma sumidade no samba e na música em geral, mas eu sei que tem outro ritmo que tá chegando pra você recentemente, por causa do seu filho, que é o rap e o trap, é verdade? O que você tem aprendido com o rap?

Cara, eu virei um conhecedor de trap e rap, eu sei o que é trap, o que é rap, o que é drill... é tanta música no carro e muda muito, né? E eu perguntei: “isso aqui é o quê?”. Ah, eu gosto desse high hat, aí ele me explica o que é. E assim, através dele eu conheci muita gente também, o próprio TZ da Coronel, que é um cara que eu fui num festival com o meu filho uma vez, aí me apresentaram, fui num camarim, conheci um cara que eu gosto, assim, de amarro.

Quem são os rappers você tem mais ouvido?

Essa cena muda muito, mas o que eu conheço e gosto é o BK, que é muito amigo. O TZ é um cara que eu admiro, gosto do som. O Matuê também. Eu abri um show em Copacabana, eu fiz primeiro, ele fez depois. Mas conheço vários através dele [seu filho], conheço Orochi, conheço os de São Paulo também que ele fala, é muita gente, o negócio muda muito rápido. Eu tenho na minha playlist, pô, BK, TZ, Baco, que é meu parceiro da antiga, Djonga também é um cara que eu me amarro, não tenho muita intimidade, mas me amarro.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Wander Scheeffër

Semana passada recebi a indicação do EP “Amor Para Além do Atlântico Sul”, da Clara Ribeiro, e desde então tenho escutado direto. Segundo ela, o trabalho “é uma travessia pelos meus sentimentos, minhas raízes e o amor que sempre me guiou”. E em apenas 4 faixas ela consegue criar um universo com músicas bem dançantes que passeiam pelo reggae, neo-soul, afrobeats e MPB em geral.

Vale dizer que a cantora faz parte do Banidos, um selo de música independente de Duque de Caxias que surgiu da vontade de trabalhar artistas do underground, independente do gênero musical.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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Revisão: Karoline Lima