SEGUE O SOM #28

Entrevista com dadá Joãozinho | Pente Fino | Juniper e mais...

SOS #28 | Lei Anti Oruam

Desde o início do caso eu fiquei com esse caso na cabeça. Depois de muita pesquisa me posicionei e comentei sobre esse absurdo em um vídeo de 7 minutos, mas que deu super certo e ultrapassou 100mil visualizações. Recomendo fortemente que você assista.

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[single] Rael ft. Ludmilla - Vibe
Gostei muito do Rael no afrobeats e o convite para ter a Ludmilla na faixa foi bem inteligente. Mais um ótimo single do que promete ser um álbum bem interessante.

[single] Febre 90 - Cartier Santos Dumont
Que beat é esse???? E o verso também. Nossa, que música! Essa dupla não brinca em serviço. Sou fã dos caras.

[single] N.I.N.A ft. FBC - O Jogo Virou
Achei essa faixa muito interessante. Cheias de referências futebolísticas, tem boas sacadas, bom humor e ótimas rimas.

[álbum] Seu Jorge - Baile à la Baiana
Seu Jorge encurta a distância do Rio de Janeiro e Bahia nesse novo álbum, primeiro álbum autoral em quase dez anos. Gosto da energia lá em cima, da voz dele obviamente e acho que vale a audição.

[EP] Memphis Depay ft. MC Hariel - Falando com as Favelas
Não é que o atacante do Corinthians sabe rimar? Logo de início, na faixa homônima, Depay e Hariel mostram que estão em sinergia e o resultado é impressionante.

[EP] UANA - Fervo 90!
Achei incrível a sacada da UANA regravar três sucessos do carnaval de Recife dos anos 90 em versão de brega funk, uma forma criativa de fazer e pensar músicas para a folia.

[álbum] Renato da Rocinha - Humildemente (Ao Vivo)
Me amarro muito no Renato da Rocinha. Para além de “Meu Castelo Tem Um Quarto Só”, o cara é um composição de mão cheia e ótimo cantor. Vale muito conhecer.

[single] maju milagres - Azul
A maju canta muito, tem uma voz bastante singular e a caneta afiada. Gostei bastante desse single e da energia jazzística dele.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
dada Joãozinho: “tenho encontrado uma força muito grande na transparência das minhas palavras”

crédito: João Medeiros

De Niterói, dada Joãozinho foi para São Paulo experimentar as possibilidades da grande metrópole. Deixou o ROSABEGE, grupo que fez um barulho legal, e se aventurou nova cidade. Ele não contava com a pandemia, mas aproveitar o tempo para fazer com calma seu primeiro álbum, “tds bem Global”, que foi bem recebido e o colocou definitivamente entre uma das promessas da música brasileira. Agora, passado um tempinho, solta um novo trabalho muito bem feito que é o ponto de partida da nossa conversa.

dadá, você está lançando o EP “1997”, trabalho que sucede “tds bem Global”, seu álbum de estreia. No que eles (e você) mais se diferenciam?

Se diferenciam em postura e intenção, principalmente. Mais do que uma transformação estética de sonoridade, a transformação maior é como eu me permito fazer e publicar música. No primeiro disco eu me mostrei explosivo, “1997” pode ser um reflexo mais tranquilo desse impulso, agora mais confiante pra dar conta de expor de forma serena tanta coisa.

O que você quis trazer de novo enquanto artista neste projeto? Reparei que você assumiu mais a produção e também se mostrou mais vulnerável. O que mais pode destacar?

Quis justamente abrir esse espaço de vulnerabilidade, tenho encontrado uma força muito grande na transparência das minhas palavras e no quanto isso faz a minha música mais visceral. Fiz muita coisa desde o lançamento do meu primeiro disco, e vi nessas 5 músicas uma unidade para complementar a história que tô contando, que é a minha. Acho que estou tão presente quanto na produção musical, mas esse trabalho me instigou a entender e praticar produção musical de forma mais honesta com a música, tendo um respeito maior pela magia do primeiro registro, do incontrolável.

A faixa “100 Anos” saiu faz algumas semanas e acho que é a minha favorita do EP. Pode contar um pouquinho da história dessa música, por favor?

“100 Anos” foi a música mais recente desse conjunto, fiz pra caber no “1997”. Nela eu brinco com os exageros, os aumentativos, uma ideia de romance maior que a vida, além do tempo. Ou marcando o nosso centenário. Pode ser a minha música mais pop até agora, e quis que fosse, fez sentido com o momento em que eu quis abrir a comunicação e aproximar mais gente da linguagem de música que estamos criando. É uma música de amor por outro, mas também tem o seu delírio narcísico, o encontro do divino e do carnal, a própria ideia de trabalho, serviço. Gosto que a narrativa das músicas sejam um universo completo para entrar.

E das inéditas, “As Coisas” foi a que me chamou mais a atenção. Conta um pouco dela também.

É a composição mais antiga desse conjunto, surgiu ainda quando eu estava compondo pro me primeiro disco, “tds bem Global”. Na época não achava que ela tinha a intenção que eu queria pro disco. Tempos depois rearranjamos ela, convidamos Jadidi pra cantar junto e a música voltou a fazer sentido pra mim. É engraçado como uma música pode refletir um apaixonamento ou uma despedida.

Eu gostei da preocupação estética que você teve. Como é o processo de pensar em um novo lançamento enquanto música e imagem também?

Aprendi a trabalhar música e imagem contemporânea no ROSABEGE. Sempre foi algo importante pra mim que um universo de sentidos compusesse o trabalho. No meu disco foi também assim e agora sinto que chego mais consciente do que trago e do que me interessa enquanto artista visual, entendendo quais os signos que levo na minha música posso tornar imagens, quais imagens me cativam, onde buscar essas imagens ou quais imagens vamos ter que inventar. E nesse processo de invenção e transformação de imagens, roupas, roteiros, percebemos que tinha algo sólido, que “1997” é uma marca, e seguimos criando, agora vamos lançar a primeira coleção de roupas.

Nesse processo imagético Juliana Franarin está comigo na direção criativa e na marca. Lcuas Pires no design gráfico e juntos criamos muitas imagens em IA a partir de arquivos pessoais, transformamos pinturas em capas, em tecidos. Baraúna me passou muita visão de vídeo e manipulação de IA no vídeo de “Olha Pra Mim”, que me ajudou a seguir desenvolvendo a linguagem do trabalho. Junto com Lucas Vaz fizemos também a instalação que está no clipe de “100 Anos”, tem sido um processo muito bom de viver, e tem muita coisa ainda vindo.

Obrigado, Pietro, pelo espaço, pela abertura em trocar ideia, abração, querido. Quero mandar um salve pra todo mundo que construiu esse projeto comigo: tttigo, Juliana Franarin, Lcuas Pires, JOCA, Jadidi, Raça, João Viegas, Popoto, Bruno Mamede, Baraúna, Fabrício Figueiredo, Lucas Vaz, Sérgio Wong, JP Damian, Matheus Ullmann, Gabriel de Oliveira, Gabriel Miranda e geral que ainda vai somar.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Olivia Yokouchi

Confesso que o primeiro contato com a música da Juniper foi no TikTok. Pois é, era um vídeo dela mostrando uma música e daí vou conferir o álbum “Cuz I Really Feel It” e fiquei encantado. A cantora baiana mistura R&B e neo soul - incluindo inglês e português - e o resultado é surpreendente. Aliás, ela comenta: “A mistura de inglês e português sempre aconteceu de forma bem natural. Entre minhas referências, encontro muitos artistas que cantam na língua inglesa e isso sempre me inspirou. Realmente gosto dessa língua, então misturar com a nossa, que por si só é tão rica, acaba sendo uma forma genuína de entregar um pouco mais de quem eu sou pra minha música”.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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Revisão: Karoline Lima