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SEGUE O SOM #31
Entrevista com Victor Xamã | Pente Fino | MC Morena e mais...

SOS #31 | a vida pós hit
Quinta-feira publiquei meu vídeo de maior impacto/engajamento. Você viu? Tô feliz demais com a recepção da galera. Só no TikTok são mais de 300 mil views!!
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[álbum] Rael - Onda
É o camaleão da música brasileira, não tem jeito. Tô ouvindo direto desde que saiu!
[álbum] Marcelo D2 - Manual Prático do Novo Samba Tradicional Vol 3: LUIZA
Mais uma linda edição do novo projeto do Marcelo. Luiza gravou “Nas Águas de Amaralina”, clássico do Martinho da Vila que eu amo, e a interpretação do D2 em “Retrato Cantado de Amor” é linda.
[single] Victor Xamã ft. Pecaos - Armadilha
Single absurdo do Victor Xamã. Pra saber mais confira nossa entrevista.
[single] Mateca ft. Franco, The Sir! - LADO CHIC
O Mateca sabe fazer um trap diferenciado e o Franco idem. O resultado é bem interessante.
[álbum] Arnaldo Antunes - Novo Mundo
Poeta faz assim…. Adorei os feats com Ana Frango Elétrico, Vandal e, lógico, Marisa Monte.
[single] Mumuzinho ft. Péricles - Em Qualquer Cama (Ao Vivo)
Pagode bem maneiro, mas eu preciso destacar a segunda voz que o Péricles faz quando canta junto com o Mumu. Coisa linda!
[single] JovemBlues - Tudo Que Eu Sempre Quis
R&B safado no melhor estilo dvsn e The Weeknd.
[single] Mart'nália - Fullgás
Já diria a Boscov… “É inovador e revolucionário? Não. Mas, durante aquela meia hora, cria ali pra você um lugar tão aconchegante, tão reconfortante, tão capaz de reconstruir a sua fé na humanidade que não tem preço.”
[singles] Josyara - Corredeiras / Sobre Nós
Duas lindezas de músicas que farão parte do novo álbum da cantora, “AVIA”, que a Josyara assina a produção. Adorei as composições e tô curioso pra ouvir o álbum inteiro.
[single] Zaynara - Perfume de Bôta
Beat Melody impossível de ficar parado.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Victor Xamã: “Eu mereço sorrir”

crédito: Melvin Quaresma e Jheni de Andrade
Já tem um tempinho que acompanho o trabalho do Victor Xamã. Aliás, impossível ser fã de rap e não ter sido impactado pelo som dele nos últimos anos, sobretudo depois do lançamento do celebrado "GARCIA” em 2023. Agora, o rapper amazonense dá início a sua sequência de lançamentos do ano com “Armadilha”, uma faixa incrível em parceria com o Pecaos, que ele conta tudo sobre aqui.
Irmão, “Armadilha” é uma música absurda! Achei original, inovadora e muito criativa. Conta um pouco da história dela, por favor.
Fico feliz demais que você curtiu! Faz um tempo que eu e o Noshugah, produtor da batida, tramávamos algo nessa atmosfera: bateria orgânica, sample trazendo tensão, o flow dando alívio ao teclado repetitivo… algo fora de rótulos. Sempre chegávamos perto do resultado, mas, às vezes, ainda ficava aquela sensação de “quero mais”, até que, depois de várias tentativas, o Noshugah me mandou essa versão da batida. Canetei em poucos dias. Quando finalizamos minha gravação, ainda senti a mesma sensação de “quero mais”.
Foi então que o Noshugah sugeriu a participação do Pecaos na música, e eu comprei a ideia na mesma hora. Acho que o ponto alto da faixa é meu tom grave misturado com o tom mais médio-agudo do Pecaos — sem falar, modéstia à parte, no acervo lírico que nós dois temos.
E o que essa música em específico tem que dar o tom para seus novos trabalhos?
Essa música marca o início de uma fase mais egocêntrica. Depois de me apresentar no Rock in Rio e colaborar em grandes projetos, sempre fica aquela sensação: quando a grana vai chegar? Quando a escassez vai deixar de ser realidade?
Quando digo "agora eu quero a grana, eu mereço sorrir", é do fundo da minha alma. Sempre fui muito modesto e evitava falar de mim em primeira pessoa nos trabalhos antes de “Garcia”, mas, dessa vez, quero fazer diferente, porque quando o método é o mesmo o resultado também é o mesmo — e tenho preferido essa autoestima nas minhas linhas. Vou cantar com o coração e com presença até que boas novas cheguem a mim.
Ela vem acompanhada de um clipe maravilhoso com várias referências da tua área. Como foi o processo criativo?
Grande parte do clipe foi gravado em Curitiba, no bairro do Parolin, com a galera do Pecaos. Fico feliz por ter sido recebido de maneira tão calorosa. Eu estava longe de casa, mas, na cena do mar — não sei se por coincidência ou destino — o Thoms conseguiu recriar algo muito parecido com as beiras de rio do Amazonas, meu estado de origem.
O processo criativo do clipe foi muito interessante. Logo nas primeiras reuniões com o Henrique Thoms, o diretor, o grande desafio era o orçamento. Sempre defendi uma abordagem simples, para se adequar à minha realidade de artista independente. No primeiro dia de gravação, o Thoms chegou com uma ideia gigantesca, com uma ficha técnica extensa — e vale ressaltar que, sem essas pessoas comprando a ideia e contribuindo de forma tão calorosa, esse trabalho não seria possível!
Como a região em que você nasceu inspira o seu trabalho?
Faz cinco anos que estou longe de casa, desde que me mudei para São Paulo com o objetivo de amplificar minha voz. A saudade maltrata, mas, infelizmente, quem nasce fora do polo cultural do Brasil ainda precisa fazer esse movimento doloroso para ter uma mínima chance de ser visto. Quando digo “polo cultural” é com muitas aspas, acredito que o genuíno ainda se esconde na periferia desse Brasil continental.
Minha terra está no meu sotaque, na minha forma de desenhar as linhas e na minha garra de viver de música. Sempre faço questão de lembrar de onde eu sou e por que faço o que faço!
“Armadilha” é o primeiro lançamento do seu novo álbum? Ele dá sequência a “GARCIA”, considerado por muitos um dos melhores de 2023. O que esse disco representa pra você?
"Armadilha" é um single solto, não faz parte de nenhum dos trabalhos que lançarei este ano. Mas ela marca o destrave da minha frequência de lançamentos, gritando para o rap nacional e para o cenário musical que ainda tenho muita tinta na caneta — mesmo após “Garcia”, que muitos acreditam ter sido meu auge.
Esse ano vou lançar um EP colaborativo com Willsbife, a continuação de “Garcia”, intitulado “Garcia: o último ato”, e um álbum colaborativo com Xamã, que já está na fase final de composição. Enfim, o ano está apenas começando.
🖇️ CLIPPING
Leituras que valem o clique.
Mercado fonográfico brasileiro ultrapassa marca dos R$ 3 bilhões | Meio & Mensagem
Jorge Ben Jor faz 86 anos como o rei vitalício do misturado balanço nacional | G1
Gilberto Gil conta como fez ‘Cálice’ com Chico Buarque | O Globo
Nego Gallo e a nova fase de um veterano do rap nordestino com “Yopo” | NOIZE
A Rapper for the Ketamine Era | The Atlantic
📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: divulgação
O batidão do Volt Mix nunca envelhece e a mistura com Miami Bass é o que dá o tom de “E disseram que eu não sei amar”, da MC Morena. Nascida e criada no Morro do Papagaio, em Belo Horizonte, a artista é bem conhecida no meio do funk, mas foi muito feliz com esse lançamento que saiu em fevereiro. Com 18 faixas e produção do Pepito, o álbum explora um lado mais melódico do funk para falar de amor, inspirado no personagem Homem de Lata, de O Mágico de Oz, como explica a artista:
“Sempre ouvi que não sei amar porque amo demais, e, quando era mais nova, meu tio brincava dizendo que eu não tinha coração. Assim como o Homem de Lata, não é porque ele não tem um coração físico que ele não sente; pelo contrário, ele tem sentimentos profundos”.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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Revisão: Karoline Lima