SEGUE O SOM #34

Entrevista com Nave | Pente Fino | MASKOTTE e mais...

SOS #34 | 40k!!!!

Muito feliz com essa marca no Instagram e as coisas que estão acontecendo. Que venham os 50!

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[single] Pabllo Vittar ft Nathy Peluso - Fantasía
Apontando para o mercado internacional, Pabllo faz uma parceria de bastante êxito com a argentina Nathy Peluso. Sou suspeito porque adoro ela, mas a dinâmica funcionou muito bem, um reggaeton lento que lembra o sucesso “Alibi”.

[álbum] MD Chefe ft. Papatinho - GARBO & ELEGÂNCIA
O que me destacou de cara foi a melhora na dicção do MD Chefe. Os beats do Papato são ótimos e encaixam bem com a proposta luxuosa do MD. Entre os temas, o álbum transita entre o orgulho de ser cria de favela, luxo, liberdade e resistência.

[single] Vanessa da Mata - Esperança
Com o fim da era de “Vem Doce”, Vanessa lança o primeiro single do seu novo álbum. Respeito muito ela enquanto artista. Além de interpretar, ela assina a produção e composição da música.

[álbum] Josyara - AVIA
Depois de alguns lançamentos que me agradaram, finalmente saiu o disco da Josyara, bastante calcado na sua poesia e no cancioneiro popular em que co produzcom Rafael Ramos.

[álbum] Bon Iver - SABLE, fABLE
Combinando elementos de indie folk, pop eletrônico e arranjos orquestrais, o álbum apresenta uma sonoridade coesa e emocionalmente rica.​

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Nave: equilibrando clássicos

crédito: divulgação

O Nave é um absurdo! Ele tá sempre metido em coisa boa. O cara produziu álbuns clássicos ao longo da sua carreira e entre eles destaco “Roteiro Para Ainouz Vol. 2”, do Don L, “IBORU", no Marcelo D2, e boa parte do incrível “Onda”, do Rael. Queridinho de alguns dos maiores artistas do país, o produtor conversa comigo para falar um pouco mais da sua trajetória, busca por identidade e mais. Aproveitem!

Nave, gostaria de começar dizendo que você é meu produtor favorito na atualidade. A vontade era de fazer centenas de perguntas aqui, mas vou começar te questionando: como você começou na música e mais especificamente na produção?

Que demais ler isso, irmão! Feliz que você curte o trampo! É importante pra mim vindo de você. Eu comecei tardiamente na música, lá pelos meus 18 pra 19 anos mais ou menos. Antes minha parada era jogar futebol, mas, apesar disso, sempre tive interesse em música, tava sempre com algum som nos meus fones de ouvido. Ali com 19 anos formei um grupo de rap e nós éramos em 3 MCs, ou seja, a princípio queria ser um MC/rapper. Quando pensamos em lançar um EP, eu era único que já tinha um pouco de familiaridade com produção. O interesse pelos beats veio muito por conta de dois álbuns, o “Eu tiro Onda”, do D2, e o “Samba Raro”, do Max de Castro.

Resumindo, acabei produzindo o EP do meu grupo de rap e esse EP chegou até o D2, e ele quis me conhecer… o resto é historia! (risos)

Algo que é fundamental na carreira de um produtor é ter identidade e deixar a sua marca. Como foi o seu processo de deixar a sua cara nas suas produções?

Mano, acho que tem a ver com um incômodo que tenho comigo mesmo, detesto me sentir repetitivo, parece que a pessoa não evolui. Por exemplo, eu poderia fazer outros beats como a “Desabafo”, do D2, mas não ia me sentir bem. Já me pediram muitas vezes, mas é muito difícil repetir o resultado, acredito que dentro do universo que atuo não cabe muito o conceito de “fórmula”. Dito isso, tento encarar cada projeto e cada artista distintamente, do zero, tento fazer “sob medida”. O artista me diz o que tá pensando em fazer e tento traduzir isso durante o processo. Acho que a minha cara é deixa o mais próximo do que o artista procura e quer. Talvez quando eu lançar um trabalho próprio realmente vai ser a minha cara.

Entre os seus trabalhos recentes, queria que você contasse um pouco mais sobre “IBORU” e o “Novo Samba Tradicional”. Aqui nem é tanto sobre o disco em si, mas como foi para fazer samba com pitadas de rap? O D2 já tinha tudo em mente? O que você trouxe para ele?

Marcelo já vinha falando dessa ideia há alguns anos, que era inverter a ordem da influência de rap com samba para samba com rap. Tudo sempre tentando manter o máximo da tradição. Fizemos muitos testes até encontrar um caminho para o que estava na cabeça dele. Precisava soar novo e tradicional ao mesmo tempo e ter a textura sonora que permeou a carreira dele, que sempre foi muito atento com a textura das coisas.

Foi quando o Luiz Antônio Simas enviou pra gente “Pra curar a dor do mundo” só no voz e violão e essa identidade começou a surgir. Quando levantamos e primeira versão dela, D2 já marejou os olhos e disse: “temos o começo do álbum”. Depois disso o Kiko Dinucci se juntou com a gente nesse laboratório que virou “IBORU”, um álbum que foi a celebração do processo de criação. Já os “Manuais” são a maturação daquele processo, aqui a gente já conta com Fejuca e Marcio Alexandre produzindo junto.

Outro projeto que eu amo é o “Roteiro Para Ainouz Vol. 2”. Como é trabalhar com o Don L?

Don é muito meticuloso com a arte dele, cada sílaba, cada flow, cada tema, cada timbre, o mic e o pré-amp que ele usa, a mix, a master… tudo passa pelo crivo dele. É um artista com uma auto crítica muito alta. Gosto de trabalhar com ele porque ele entende meus tempos de criação e eu os dele, tá sempre disposto a experimentar coisas novas e acho que nesse próximo trampo isso vai fica bem claro. RPA2 é um álbum bem particular por sua temática, eu mesmo só fui entender o que tava acontecendo lá no meio do processo do álbum, o desenho do álbum foi ficando mais claro.

Você já trabalhou com os maiores nomes da música brasileira e é super requisitado. O que te faz decidir por qual produção fazer no momento?

Difícil dizer porque estamos na indústria musical do Brasil, me sinto como o Planet se define: “uma banda underground no mainstream”. Acho que sou um produtor do underground que volta e meia aparece ali no mainstream. É muito bom ser um produtor mais alternativo, porque vc tem mais liberdade criativa, mas ao mesmo tempo tem o outro lado do game, que é onde a “grana” está. Então hoje em dia a decisão de qual projeto entrar depende de muitas variáveis. É óbvio que quero fazer projetos legais sempre, mas nem tudo é sempre como quero (risos)! Tento manter o equilíbrio!

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Wander Scheeffer

Drill, grime, voltmix e muita vivência - assim que eu definiria “Nota 10”, o EP do MASKOTTE. Cria da Baixada, ele nos leva por uma jornada de quatro faixas entre sua vida pessoal, como Marlon, e sua identidade artística. O flow dele é muito singular e desde a primeira faixa, “Motoboy”, já mostra a que veio. Ele versa sobre sua rotina na profissão que exerce para impulsionar seu sonho na música, além da relação que tem com o veículo: "Trabalho com isso há mais de cinco anos. Trouxe essa faixa para falar sobre esse cotidiano de estar sempre em movimento e sobre minha conexão com a moto, seja no trabalho ou em um rolê para espairecer a mente.", explica MASKOTTE.

O ponto alto pra mim é “Belford Roxo”, que sintetiza a ideia do EP. Ao lado de ANTCONSTANTINO, MASKOTTE incorporou o hino oficial da cidade de Belford Roxo, que costumava cantar na escola, ao voltmix, referência à "Montagem Baixada Cruel", popular nos bailes de corredor. "Quis trazer o hino sob outra perspectiva, ressignificando algo presente no meu cotidiano infantil", acrescenta o artista. O clipe é um absurdo!

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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Revisão: Karoline Lima