SEGUE O SOM #35

Entrevista com Rachel Reis | Pente Fino | Ventura Profana e mais...

SOS #35 | de volta :)

Depois de uma semana cá estamos novamente. Compartilhe a newsletter com alguém!

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] Natalia Lafourcade - Cancionera
Já me ganhou na música de abertura. Mais um lindo álbum da Lafourcade. Escute!

[single] Kali Uchis - ILYSMIH
Kali escreveu ”I Love You So Much It Hurts” com seu filho recém-nascido no colo. Linda faixa.

[single] Lorde - What Was That
Não é que ela voltou mesmo?! Com a temática do término, a faixa foi chamada pela cantora de "o som de meu renascimento".

[álbum] Stefanie - BUNMI
Não é exagero dizer que possivelmente estamos diante do álbum de rap do ano.

[single] Alulu Paranhos - Duas Cabeças
Bem legal o primeiro single do novo álbum da Alulu. O time de compositores é forte, o refrão é lindo e a produção da Mahmundi com Josefe é bem refinada.

[EP] Cozinha Arrumada - Cozinha Arrumada
Muito legal ver fonogramas de uma das rodas de samba que mais frequentei na vida.

[single] Samba Independente dos Bons Costumes - A Gente É Tão Foda
Curiosamente a outra roda de samba que já tanto fui também lançou seu primeiro trabalho, um pagode romântico bem gostosinho.

[single] Joaquim - Emboscada
Essa é a primeiríssima música lançada pelo cantor, compositor e pianista paulistano. Um quê de O Terno, 5 a seco… gostei bastante.

[álbum] Todo Cuidado É Pouco - Ventura Profana
Com pitadas de reggae, jazz, R&B, pagodão, afrobeat e rock, esse álbum é muito único e certamente foi uma grata surpresa. Falo mais no fim da newsletter.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Rachel Reis: canto de sereia.

crédito: Érico Toscano

“Meu Esquema”, álbum de estreia da Rachel Reis chamou a atenção de milhares de brasileiros para uma excelente cantora e compositora. Depois do sucesso, a artista usou suas principais experiências como inspiração para o novo trabalho, o recém-lançado “Divina Casca” - tema do nosso papo de hoje. Com excelentes composições, produções e feats, certamente é um dos discos mais interessantes do ano.

Rachel, “Divina Casca” chega ao mundo e de certa forma reflete suas vivências recentes. O que você mais aprendeu depois do lançamento de “Meu Esquema” e quis trabalhar agora?

São quase cinco anos desde que lancei minha primeira música. Muita coisa aconteceu até aqui. Fui trocando o pneu com o carro andando e entendendo coisas das quais eu não fazia ideia. Minha vida não tinha grandes movimentos — eu estava passando por questões pessoais e tentando sobreviver à transição pra vida adulta, com todas as responsabilidades que isso abrange. Lancei mais algumas músicas, vi a coisa engrenando e fui seguindo o caminho que ia se abrindo pra mim.

“Meu Esquema” nasceu nesse percurso, eu saí da minha cidade, conheci o Brasil e rodei a Europa com o álbum. Acumulei indicações, ganhei prêmios, conheci pessoas que me inspiraram a ser mais e melhor — e outras que me mostraram, pela presença (ou pela ausência), o que eu definitivamente não quero ser e não quero pra mim. São camadas de tudo o que vivi nesse período — de uma menina se entendendo mulher feita e, junto a isso, se encontrando enquanto cantora.

Você é uma compositora de mão cheia. Quais artistas você destaca como inspiração e referência na escrita?

Eu sou bem aleatória, mas vou trazendo aqui os nomes que me vieram de cara. Jorge Ben, porque adoro a forma como ele consegue cantar sobre qualquer coisa. O jeito falado, o swing na caneta... ele tem um jeitinho, um negócio diferente. Céu, porque é uma musa pra mim. Minha referência de ‘Brasil no jeito’c de malemolência tropical. Amy Winehouse, porque é a minha diva maior. Sou apaixonada pelo que ela foi e deixou no mundo. Adoro a sagacidade e a acidez charmosa das composições dela. Eu realmente fico triste de saber que jamais vou conhecê-la ou ouvir algo novo vindo dela um dia.

“Divina Casca” é bastante pessoal e fala das suas vivências. Queria saber um pouco mais sobre a dinâmica dos feats. Quais critérios você usou para selecionar as parcerias? E chegou a conversar com cada um sobre o que as músicas propunham?

Sou fã de Baiana [System]. Adoro a sonoridade deles, a forma como conduzem o show no Carnaval... acho mágico. Fora essa ligação entre eu e Russo, de termos nascido em Feira de Santana — tem um perfume, uma sintonia. Tinha que ter uma faixa com eles.

Márcio Victor é um gênio da música, um dos maiores percussionistas do mundo, e eu tive a alegria de vê-lo colocar a percussão na nossa faixa. Sou fã! Eu não queria um pagodão “soft” no álbum — queria um pagodão original, feito pelos originais, e trazendo a mensagem da letra, que fala, de forma cômica, mas ácida, sobre como a arte feita na Bahia — tão rica em musicalidade — muitas vezes é vangloriada, sugada e depois estigmatizada. Tudo isso num refrão seguido de um TOMA TOMA, que é pra grudar mesmo.

Convidei Rincon e Don L, porque eles têm uma canetada incrível e ligeira — tudo o que "Tabuleiro" precisava pra se completar. Eles cataram imediatamente a mensagem da música porque são vivências deles também, e essa conexão foi incrível. Nêssa, porque é uma popstar, e eu queria muito tê-la comigo trazendo esse glam que só ela tem pra faixa. O reggae ficou uma delícia com os vocais dela, o jeito como ela imprimiu a voz.

Vi aqui que você assumiu a direção musical do disco. Como foi esse processo pra você?

Comecei a trabalhar nas primeiras músicas em 2023. Pensei em vários nomes que gostaria de ter comigo na produção — e foram muitos! Quis trazer uma diversidade de produtores para sentir como a minha caneta e melodia soavam dentro do estilo único de cada um. Ao longo do processo, estive bem próxima deles, trocando referências, ideias e buscando juntos a sonoridade ideal. Fico muito feliz com o resultado e com o fato de que, mesmo com tantos nomes envolvidos no álbum, as músicas conversam muito bem entre si.

Sua versão de “Sexy Yemanjá” é um dos pontos altos do disco. Por que essa música foi escolhida para entrar no álbum? E como foi o processo de gravá-la?

Eu sou apaixonada por essa música. Primeiro porque sou noveleira desde criança e sempre fui muito nostálgica, então adorava assistir às novelas que passavam no “Vale a Pena Ver de Novo”. Me lembro de “Mulheres de Areia” sendo reprisada e eu vibrando toda vez que a música tocava nas chamadas.

Ano passado incluí a música no repertório do show e funcionou super bem — além de brincar com esse rolê da 'sereiona', que já virou uma marca registrada - literalmente - (risos). Fiquei muito feliz quando rolou a autorização pra regravar. Realmente, um presente!

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Fê Ávila

Doutrinada em templos batistas, Ventura Profana é pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual, cuja prática está enraizada na pesquisa das implicações e metodologias do evangelicalismo no Brasil e no exterior, através da difusão das igrejas neopentecostais. Ela define seu trabalho como um manifesto “a favor das vidas dissidentes, estranhas e monstruosas, reivindicando o direito de viver plenamente”. Já deu pra entender que não estamos falando de uma artista especial.

Nessa semana ela lançou “Todo Cuidado É Pouco”, um “álbum é regado por muitas lágrimas, moldado por muitas mãos e temperado em inúmeras esquinas. Não se engane, há muito sangue banhando essas composições, e foi necessário muito tempo de cozimento, portanto, há também muita paciência nessa receita”, explica a artista. Com elementos de reggae, jazz, R&B, pagodão, afrobeat e rock, é certamente uma audição muito valiosa.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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Revisão: Karoline Lima