SEGUE O SOM #36

Entrevista com Flor Gil | Pente Fino | Enme e mais...

SOS #36 | Abracadabra

Que showzaço, ein?!

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[single] Jorja Smith - The Way I Love You
Eu tô completamente obcecado pela Jorja cantando no garage e indo cada vez mais pro eletrônico. Musicão!!

[singles] Tim Bernardes - Prudência - Praga
“Prudência” foi gravada por Maria Bethânia no álbum Noturno; e “Praga”, escrita com Erasmo Carlos, é conhecida na voz de Alaíde Costa. O cara caneta demais… e ainda canta muito também!

[EP] Flume ft JPEGMAFIA - We Live In A Society
Com quatro faixas, o EP marca o encontro inesperado do rapper do Brooklyn com o produtor australiano. Destaco a “Is It Real?” com a Ravyn Lenae.

[single] Jorge Aragão - Inversão de Valores
Aragão segue entregando caneta e voz. O vovô não paraaa!

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Flor Gil: sem querer querendo

crédito: Matheus da Rocha Pereira

Faz alguns dias que colei na audição de “Cinema Love”, o primeiro álbum da Flor Gil e que ela descreve como a trilha sonora da sua vida. Sem medo de experimentar e soar diferente dos familiares, mas ainda assim aberta aos ensinamentos dos mais velhos, ela busca inspiração na sétima arte e em artistas como Billie Eilish para compor seu trabalho mais recente.

A influência de “Cinema Love”, obviamente, está no nome. Eu queria perguntar mais especificamente que filmes te inspiraram pra compor e você destaca.

Ó, sendo bem honesta, eu não consigo dar como referência vários filmes. Eu acho que os únicos filmes que me ajudaram muito a criar uma identidade visual pra esse disco e pra mim mesma foi “Lost in Translation”. Quando eu comecei a usar a peruca rosa, todo mundo falava "você parece a Scarlett Johansson do Lost in Translation”. Então, ali, eu comecei e pensei “cara, que legal, dá pra fazer referência”. Referência também com o bonequinho de luxo, de “Moon River”. E acho que esses foram os filmes mais presentes.

E foram as trilhas sonoras, as histórias, o que mais te cativou, te inspirou?

Eu acho que só o sentimento. sentimento que eles me deram. “Lost in Translation” tem uma coisa de Lost in Love, né? Lost in Translation tem também a peruca rosa e também tem a distância, assim, que tem entre os dois em certos momentos - sendo fisicamente e na idade também. Então, eu acho que isso me influenciou e me inspirou com o disco, comigo mesma, e um sentimento pra transparecer na música.

E você, logicamente, você é cercada de muitos músicos, muitos artistas. Quais foram os conselhos mais legais que você recebeu durante esse processo de fazer o seu primeiro disco?

Sempre que alguém me perguntar qual foi o conselho que você lembra, assim, do seu avô, de alguém familiar - não tem muito a ver com o disco, mas tem muito a ver com o amadurecimento da minha voz que acabou passando pro disco, obviamente - foi quando meu avô virou pra mim no meio da passagem de som que eu estava cantando e eu estava acertando uma nota, assim, tipo, dois milissegundos depois de cantar a nota. E aí ele virou pra mim e falou pra eu pensar na nota antes de cantar e isso tipo, óbvio. Só que não era óbvio pra mim no momento. E também não é óbvio. Parece óbvio, mas é óbvio até alguém falar pra você. Especialmente vindo de uma voz. Então, depois disso, eu nunca mais mais passei de uma nota ou fiquei pra baixo, assim. Eu sempre penso na nota antes disso. E isso fica na minha cabeça todos os dias quando eu tô cantando. E no disco, principalmente, também.

E fora isso, o apoio da minha família. Eles me deram muito apoio. Me ajudaram a entender, assim, minhas escolhas e me apoiaram nesse processo onde eu tava descobrindo o gênero musical que eu queria fazer (que não tem na minha família). O que pode ser mais similar, assim, são os Gilsons, mas tem uma raiz afro-brasileira muito mais forte. Então, é distante, mas também é na mesma linha. E é isso. Tendo eles na minha frente pra ter referência foi algo muito importante no processo no disco.

Você falou da intenção na voz. Quais cantoras ou cantores que você admira nesse sentido de saber botar a voz no lugar certo?

Acho que muita gente me faz pergunta essa esperando que eu fale a Billie Eilish e, obviamente, eu sou muito fã dela, mas no disco, necessariamente, ela não influenciou sonoramente. Acho que a música, o gênero de música dela é um pouco mais dark, um pouco mais pesada mesmo as músicas mais leves dela. Mas a voz, sim, é uma referência - nem a direta, só porque eu escutei tanto ela e eu acho que quando eu tava cantando com o meu avô, tendo esse contraste entre a voz grossa dele e a minha voz, tipo... Como eu comecei a cantar com ele muito novinha, sempre foi muito leve. Teve um contraste muito bonito, assim, em show, em gravação.

Então, eu naturalmente quis manter isso. E, quando eu tava no processo de gravar o disco, Meus familiares até me perguntaram, tipo... “E esse jeito de cantar, tipo, sussurrando, é uma escolha? Foi sem querer? Foi querendo?” E foi sem querer querendo, de uma forma porque eu não tinha noção do que eu tava fazendo e até de me falarem, eu tive noção de conseguir bater o pé nesse conceito que é natural pra mim.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: Valdinei Souza

Cantora, compositora, produtora cultural e rapper, Enme é uma artista cujas referências são muito diversas. Maranhense, é influenciada pela efervescência cultural afro-indígena da região amazônica e combina os tambores ancestrais com a identidade urbana do hip hop. Seu trabalho mais recente é o EP “Movediça”, que nasce de uma jornada de imersão em conexões sonoras ao redor do mundo e conta com dois feats que adoro, UANA e FBC.

Influenciada por artistas nigerianos e europeus, Enme construiu uma tapeçaria de ritmos ao longo do projeto que se interligam com a música global. “Quando eu me mudei para São Paulo, comecei a trabalhar com o produtor Kafé em um projeto que tinha R&B, amapiano e uma pitada do reggae. Estava em busca de uma sonoridade dançante, envolvente e cativante, mas que mantivesse firme a minha identidade”, comenta a artista.

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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Revisão: Karoline Lima