SEGUE O SOM #47

Entrevista com JOCA | Pente Fino | Maria Piedade e mais...

SOS #47 | 10k na playlist!!!!

Muito maneiro ver como a galera se amarra no Pente Fino!

🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.

[álbum] JOCA - CORTAVENTO
Me faltam palavras pra expressar o quão feliz eu tô pelo JOCA e pra dizer o quão bom é esse disco.

[single] Jorja Smith - With You
Mais um single espetacular. Esse álbum vai mudar vidas.

[álbum] Ariel Donato - TÁ FELIZ?!
Muita mistura doida, mas funciona.

[single] Girlie-Pop! - Amaarae
Mackson Kennedy e Deepakz deram o molho brasileiro e deixaram o single incrível.

[álbum] Freddie Gibbs ft. The Alchemist - Alfredo 2
Bebeto e Romário do hip hop.

[single] Jamie XX - Dream Night
Amei essa! Batida gostosa, meio mantra, meio Tame Impala, meio Gorillaz.

[single] Tame Impala - End of Summer
Vem aí a nova fase da banda de um homem só e me sinto pronto. Gostei do single.

[single] Khamari - Lonely in the Jungle
Cada vez mais fã do F̶r̶a̶n̶k̶ ̶O̶c̶e̶a̶n̶ Khamari!

[álbum] Alee - CAOS DLX
Esse moleque é fora da curva! Ta representando muito o rap nacional.

[EP] Sasha Keable ft. Leon Thomas - move it along
Delícia de single. As vozes combinaram muito.

[álbum] Maria Piedade - Maria Piedade
Uma história linda que conto no final da newsletter.

💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
JOCA: ancestralidade de futuro.

crédito: João Medeiros

Era final de 2019 quando o JOCA lançou “A Salvação É Pelo Risco”, álbum que nem mesmo ele imaginava que seria tão importante pra cena underground e pra vida de tanta gente, sobretudo durante a pandemia, um período tão esquisito. JOCA virou referência pra diversos artistas e agora finalmente retorna com seu novo projeto, “CORTAVENTO", mais encorpado, complexo e que tenho certeza que vai encantar novos públicos.

JOCA, são seis anos desde “A Salvação É Pelo Risco”, um álbum que não só marcou a minha vida, mas de muita gente - um sucesso que furou a bolha do underground e influenciou diversos artistas. Sei que essa resposta tão positiva foi uma surpresa pra você, mas e agora, o que você quer conquistar com “CORTAVENTO”?

Quero conquistar o Brasil, o mundo, todos os mapas possíveis. Eu acredito que, através da música, da pesquisa, da troca, da oralidade, a gente consegue realmente expandir o nosso raio de alcance, expandir a potência da nossa contribuição para a bagagem cultural das pessoas que escutam e estão próximas. E não só próximas fisicamente, mas que se aproximam daquilo que a gente tem para falar, daquilo que a gente tem para trazer.

Então, o “CORTAVENDO” carrega também a força dessa busca por expansão, por movimento, por contato. É isso. E, materialmente, obviamente, quero conquistar mais estabilidade e mais recurso para desenvolver a arte, não só do Joca, mas de todas as pessoas que estão ao meu redor, somando comigo e fazem a coisa de um jeito que eu acredito.

Esse álbum nasce de muita pesquisa. Como foi o cuidado para não deixar ele se perder e achar uma unidade?

Acho que o cuidado passa muito pelas coisas que eu fui encontrando nessa pesquisa. Além dos tópicos isolados de pesquisa e de cada referência que eu usei, eu tive um cuidado de entender também outros artistas que dialogassem com essa gama mais ampla, mais vasta, de referências, de linguagens e entender de que forma eles conseguiam colocar tudo isso que eles estavam tendo contato em seus projetos de forma coesa e eu percebi que todos têm um contato e um cuidado muito grande com a sonoridade.

Então existe uma primeira camada da pesquisa que é de fato as referências que estão assumidas diretamente ali, mas uma segunda pesquisa que eu considero até uma investigação, que é a investigação da sonoridade. Da forma que o timbre chega para além do som da guitarra, a forma que o som da guitarra soa e de que forma a guitarra se insere em diferentes contextos dentro do disco. Estudei muito a interpretação, estudei muito os processos ali que estão no escopo da pós-produção e da mixagem. Não sou um grande mixador, mas ampliei meu vocabulário técnico para conseguir desenvolver isso de forma coerente.

Algo que diferencia os dois trabalhos é a religião. Diferente do primeiro, a temática atravessa todo este disco. Como sua religiosidade se relaciona com os temas que você trabalha no álbum?

A minha religiosidade se relaciona com os temas que eu trabalho no álbum, justamente no lugar de me ensinar formas de sobreviver, tendo todas as experiências que estão sendo relatadas ali no álbum. Eu precisei entender como viver cuidadosamente e de forma atenta, e a espiritualidade me ajuda nesse processo. A espiritualidade me conecta com a minha ancestralidade, ao mesmo tempo que me conecta comigo mesmo, e me traz recursos para atuar e sobreviver no presente. Então, várias das aventuras que eu estou vivendo nesse álbum só se livraram e só escaparam de finais trágicos por causa da espiritualidade. A minha religião é a minha base, é o meu chão, meu terreiro.

Você teve muita inspiração na ancestralidade negra em indígena e buscou criar um som que extrapola os limites do hip hop. Nesse sentido, que outros artistas você destaca que tem uma proposta semelhante a sua e serviram como referência? E por que?

Bom, acho que a gente começa no ano que eu nasci, na década que eu nasci, então ali nos anos 90 a gente tem Chico Science e Nação Zumbi, Escurinho, Carlinhos Brown com “Alfagamabetizado”, todos esses artistas estavam buscando ali da forma deles traduzir o que seria a música contemporânea, a música popular brasileira, a partir desses universos percussivos afro-indígenas. Depois disso, ali nos anos 2000, 2010, me inspiro muito em dois grupos da Bahia, que são O Quadro e Opanijé.

Cada um vai da sua forma. O Quadro eu sinto que tem um diálogo maior com a música soul, com o groove, mas também muito carregado de símbolos e claves e de células. E o Opanijé, para mim, é o verdadeiro grupo que mistura o rap e o hip-hop com a música de matriz afro-indígena. Então, acho que esses são os principais artistas, assim, que me inspiram nesse sentido e eu gostaria de destacar na genealogia do meu trabalho. Então, se a gente pode trabalhar com essa ideia das gerações, né, a gente pensa aí 90, 2000, 2010, até chegar o JOCA.

📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: arquivo pessoal

Hoje venho contar uma história incrível, a de Maria Piedade, que aos 91 anos lança o seu primeiro disco. A cantora de Itapetining realiza sonho antigo com empenho da grande família musical que gerou. Ela chegou a vencer o IV Centenário de São Paulo, da Rádio Nacional, em 1954, mas teve a carreira interrompida e só agora consegue lançar seu aguardado disco.

São nove faixas, a maioria clássicos das rádios de meados do século passado, mas que graças à sua ótima voz e ao elenco estrelado de músicos, passam rapidamente, de forma leve e dão aquele gostinho de esperança na vida. Além disso, todos os filhos de Maria Piedade cantam ou tocam algum instrumento. É muita fofura. Escute 🙂 

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.

Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.

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