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SEGUE O SOM #49
Entrevista com Clara Lima | Pente Fino | Luiz Barata e mais...

SOS #49 | VEM AÍ MEU PODCAST!
Pois é, quem tá aqui é quem mais fortalece meu corre e merece saber primeiro. “Segue o Som” estreia na segunda que vem, às 10h, no meu canal do YouTube e em todas as plataformas! O nível da coisa tá muito alto, se preparem.
🪮 PENTE FINO
Seleção dos principais lançamentos da semana.
[EP] Duda Beat - esse delírioi vol.1
A Duda sempre entrega, né? O feat com AJULIACOSTA é 10.
[álbum] Amaarae - BLACK STAR
Fico com a Pitchfork: “ “uma celebração da dance music da diáspora negra – e uma volta da vitória hedonista e cheia de prazer de uma estrela no auge de seus poderes”.
[álbum] Deekapz - Deekapz FM
Nessa rádio tem de tudo, mas da melhor qualidade.
[single] Vitão - Sacode
Gostei, viu? Maneiro o beat e as melodias que ele faz.
[single] Mumuzinho - Arlindo Luz
Uma linda homenagem ao sambista perfeito.
[single] Xande de Pilares - Vento (Ao Vivo)
Xande abre lindamente os caminhos do seu novo ao vivo.
💬 ENTREVISTA EXCLUSIVA
Clara Lima: a voz das ruas.

crédito: @porbtriz
A Clara Lima tá no game faz tempo. Lembro das primeiras vezes que escutem o som dela, quase dez anos atrás, e como era fácil perceber o quão especial é o seu trabalho. Sua vivência pelos palcos e pelas ruas a inspirou a compor “As Ruas Sabem”, seu álbum mais recente que motivou a nossa conversa.
Clara, antes de falar do seu álbum queria que você refletisse sobre o marco de dez anos de carreira. Te acompanho desde o início e fico feliz que você esteja em plena atividade. Quando olha pra trás, o que sente? E onde se vê daqui a dez anos?
Cara, é um turbilhão de sentimentos, mas acho que o maior deles é o orgulho de toda a caminhada feita até aqui, tá ligado?! Degrau por degrau mesmo, sabe? Dessa coragem de sair de casa cedo atrás de viver isso, sem saber o que era uma obra, um fonograma, só querendo fazer isso acontecer de alguma forma, pela força de recomeçar quantas vezes for necessário, mas sempre com muito respeito ao chão que eu piso e a cultura que faço parte. E daqui 10 anos eu me vejo colhendo bons frutos de tudo isso que vem sendo plantado, tá ligado? E me vejo me movimentando mais também como uma agente cultural tá ligado?! Assim como vejo meu mano Kdu Dos Anjos lá em BH, Mc Hariel aqui em São Paulo, enfim, acho que por aí que me imagino daqui uns 10 anos!
Você lançou recentemente “As Ruas Sabem”, seu novo álbum que fala bastante da sua caminhada. O que você mais aprendeu com as suas vivências nas ruas?
Eu to desde os 14 nas ruas, nas batalhas, viaduto, Duelo de MCs, então aprendi demais em todos esses anos de vivência nas ruas e hoje com 26 posso falar que a ruas me ensinaram muito sobre ouvir minha intuição, e confiar na força que eu carrego.
Um álbum de boom bap hoje em dia é quase que um manifesto, concorda? Por que essa escolha?
Concordo demais! Enquanto MC de batalha, época de DV eu sempre fui muito presente nas diversas lutas do povo em BH - lutas por moradia, por acesso, por cultura, e “As Ruas Sabem” vem nesse intuito de me levar de volta a minha origem, a esses lugares que eu já estive e por isso a escolha!
Achei bem legal você levar o Galo de Luta pro disco, um movimento importante para aproximar o rap da política, sobretudo no tempo em que vivemos. Como surgiu essa ideia de fazer esse diálogo com ele?
Mano, a ideia surgiu exatamente pra fazer esse movimento memo de aproximação, saca? O galo é um dos maiores revolucionários da nossa geração e atualmente eu moro aqui na Vila Borges, zona oeste de São Paulo, e o Galo é de uma quebrada do lado e a gente vê nas ruas mesmo o impacto de todo esse corre dele e como ele tem um diálogo com a rua e com a juventude. E pra amarrar mais o tema e a construção que eu quis trazer no álbum, tinha que ser ele nessa troca de ideia. Porque ele é a voz da rua, né, mano, e esse álbum é direcionado a ela trazer um pouco também essa visão da gente se reorganizar em prol de potencializar nossas lutas, somando as forças e as armas que nós temos.
Entre os feats temos Dalsin, Mac Julia e Sant, três artistas com muita história no rap. Qual foi seu critério para chamá-los para participar do disco?
“As Ruas Sabem” também é um projeto que visa a valorização do hiphop e a cultura de rua em sua mais pura essência, então o minha linhagem de escolha pros feats foi de artistas que no meu ponto de vista vestem a camisa do rap mesmo. Longe do óbvio, sem foco nos números. Papo de ouvir o beat e pensa: “James Ventura amassaria muito nesse beat”. “Vietnã vai dichavar nessas ideia…” e sem sombra de dúvidas foram escolhas certas pq ninguém desperdiçou caneta. E esse era a meta!
🖇️ CLIPPING
Leituras que valem o clique.
Joca, pela rima e os sorrisos | MonkeyBuzz
Work your erk’n’jerk! Inside the UK club nights for dancing, not social media posing | The Guardian
As músicas estão ficando mais curtas? Veja infográfico. | Super Interessante
The Song of the Summer Is Dead | WIRED
📡 NO RADAR
Porque o novo sempre vem.

crédito: @_gabrielheath_
A revolução virá, segundo Luiz Barata, dos bueiros. Pois é, pelo menos é a ideia que o cantor e produtor procura passar em “Pragas Urbanas”, seu álbum mais recente. Ele imagina a luta de classes sob o ponto de vista dos insetos, dão descartáveis quanto os trabalhadores, e consegue entregar um disco muito original.
Ela comenta: “Eu fui dando uma marolada nos paralelos que existem entre a barata e a sociedade real. E aí eu vi que dava para, dentro da minha realidade, dentro do que eu consigo falar, trazer um pouco mais da luta de classes. Botei o arquétipo do ser humano como os meios de produção, o arquétipo das baratas como a classe trabalhadora e tentei criar um cenário com conflito, alguma coisa assim, para ir desenvolvendo uma história a partir disso. Então é basicamente isso: a barata entendendo o lugar dela na sociedade, se revoltando com isso e acontecendo as coisas que rolam no disco.”

Salve! Aqui é o Pietro Reis, sou jornalista, pesquisador musical, influenciador e criador do Segue o Som.
Minha ideia com essa newsletter é reunir tudo de mais interessante que vem acontecendo no mundo da música e fazer o que mais amo, entrevistar. Sendo assim, toda segunda-feira você recebe um email com os melhores lançamentos da semana, um papo exclusivo, as principais notícias do meio musical e indicações.
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